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(Millôr Fernandes)

terça-feira, 7 de junho de 2016

Diretor da ONU demite-se devido a “impunidade” quanto ao rapto de crianças pelos soldados da ONU

Terça, 7 de junho de 2016
Do Esquerda.Net

O diretor de operações do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Anders Kompass, demitiu-se em protesto contra a “ total impunidade” relativamente ao rapto de crianças pelos soldados da ONU registados na República Centro Africana.
7 de Junho, 2016
Foto Flickr
 
"A total impunidade daqueles que abusaram da sua autoridade, em diversos graus, associado à falta de vontade da hierarquia em expressar arrependimento (....) confirma" que a ONU não tem o hábito de tomar medidas, declarou Anders Kompass, citado pela UN Watch.

Nessas condições é "impossível para mim continuar a trabalhar aqui", acrescentou o alto funcionário das Nações Unidas a trabalhar em Genebra há mais de 30 anos.

A demissão de Anders Kompass, diretor de operações no terreno do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, foi já confirmada à agência France Presse por um porta-voz da própria ONU, que não adiantou as razões da demissão.

Inação da ONU

Refira-se que Anders Kompass está na origem da fuga de informação de um relatório confidencial da ONU sobre "abusos sexuais de crianças pelas forças internacionais", tendo sido ele a entregar um documento à justiça francesa em julho de 2014 porque, segundo afirmou na altura, a ONU "tarda em agir".
a organização enfrenta há meses um escândalo relacionado com a violações de que são acusados os "capacetes azuis" em operações realizadas em vários países e que tem como objetivo central proteger as populações
O diretor executivo da UN Watch, Hillel Neuer, o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, e o alto comissário da ONU para os Direitos Humanos, Zeid Ra'ad Al Hussein, deverão apresentar desculpas a Kompass, enaltecendo a sua atitude por tentar proteger as crianças violadas, "contrariamente a outros responsáveis" da organização.

Refira-se que a ONU enfrenta há meses um escândalo relacionado com violações de que são acusados os "capacetes azuis" em operações realizadas em vários países e cujo objetivo central é proteger as populações.

Desta forma, e de acordo com o último relatório do secretário-geral da ONU, foram registados 69 casos de agressões sexuais cometidos pelos "capacetes azuis"em 2015, ou seja, mais do que em 2014.

Já num relatório datado de dezembro de 2015, um grupo de peritos independentes “criticou duramente” a forma como a ONU “reagiu” às acusações de violações, nomeadamente de crianças na República Centro Africana (RCA).