Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

domingo, 5 de junho de 2016

NÃO EM NOSSO NOME. Por uma plenária de base

Domingo, 5 de junho de 2016
Da CST Psol
Corrente Socialista  dos Trabalhadores
Foi divulgado nas redes sociais o resultado da reunião aberta envolvendo os pré-candidatos à prefeitura do Rio de Janeiro, Marcelo Freixo (PSOL), Jandira Feghali (PCdoB) e Alessandro Molon (REDE). Entre as resoluções estão uma espécie de pacto de não agressão durante o 1º turno e compromisso de apoio no segundo turno. Nunca se debateu sobre isso em nenhuma instância no PSOL. Nem relação fraterna com PT/PCdoB/REDE e muito menos apoio no segundo turno. Aliás, sobre isso há uma resolução do congresso estadual na qual PCdoB, REDE e PT não são parte do arco de alianças do partido. Consideramos que não há nada de esquerda ou progressivo com PT, PCdoB e REDE. E muito pior porque essa movimentação prejudica, atrasa e destrói a possibilidade real de surgir uma alternativa que apareça para a população como possibilidade para derrotar as candidaturas de Pedro Paulo (PMDB) e Marcelo Crivella (PRB).

Hoje, todo bloco que se confunda com Dilma ou PT vai fracassar, porque esses que atacaram direitos e pioraram a vida das pessoas são absolutamente rechaçados pela ampla maioria da população. Justamente por isso, até mesmo o PMDB do RJ, que até outro dia era aliado número um do PT, decidiu afastar-se para tentar “dar uma nova cara” para sua candidatura. É um fato de amplo conhecimento que funcionou nesta cidade e neste estado, um bloco político encabeçado pelo PMDB, mas com apoio orgânico do PT e PCdoB, que destruíram e entregaram a cidade do Rio de Janeiro para as empreiteiras enquanto a população tem a qualidade de vida cada dia pior. PT e PCdoB ocupavam cargos na prefeitura de Paes até pouquíssimo tempo atrás. Reivindicavam essa prefeitura como progressiva. Eram parte dos inúmeros ataques deste governo municipal, entre os quais deve-se lembrar as remoções na Vila Autódromo, tendo o PT à frente da secretaria de Habitação; a perseguição e demissão dos Garis; e a privatização acelerada da saúde por meio das OSs.

PT e PCdoB não são de esquerda há tempos e nem há possibilidade de girarem à esquerda, mesmo fora do governo federal.


Os ex -governistas do PT e PCdoB, isolados por seus ex-aliados corruptos e reacionários do PMDB e PP (ex-ARENA) tentam usar de todas as formas o PSOL como bote salva-vidas frente à decadência política e ao rechaço popular em que se encontram. Já a REDE é o partido de Marina, que apoiou o corrupto Aécio no segundo turno. Tanto Jandira quanto o Molon votaram sim ao ajuste fiscal que penalizou o povo, cortou verbas da saúde, da educação e restringiu direitos trabalhistas. Não podemos de maneira nenhuma nos unir com aqueles que atacaram nossos direitos. Unir-se a eles é juntar-se aos inimigos da saúde, da educação, da cultura, inimigos da população.

Para se construir um bloco de esquerda é urgente e necessário rechaçar todos esses. É preciso repetir a experiência da campanha do companheiro Tarcísio Motta, candidato a governador pelo PSOL, que acusava abertamente os demais principais candidatos de serem todos “Cabrais”, quer dizer, denunciar que todos fizeram parte do projeto político do governo estadual de Sérgio Cabral.

Nessas eleições, devemos repetir e dizer que todos esses candidatos são “Eduardo Paes”. A única oposição é o PSOL, que batalhou nas ruas e no parlamento durante anos contra esse governo de direita e antipopular.

Em 2012, o PT e o PCdoB chegavam ao absurdo de dizer que a candidatura de Eduardo Paes era de esquerda. Um discurso ridículo em troca de cargos e secretarias. Ao mesmo tempo acusavam o PSOL e o próprio Marcelo Freixo de ser uma campanha de direita, chegando ao delírio de falar que Freixo era um “playboy neofacista”. Jandira que fala de “unidade da esquerda” apoiou o odiado Sérgio Cabral, foi secretária de Eduardo Paes e em suas campanhas teve as construtoras UTC, em 2010, e Queiroz Galvão, em 2014, como principais doadoras para sua campanha, ambas envolvidas no escândalo do Lava-Jato.

É preciso que a base decida

Segundo informa Jandira Feghali, a reunião dos pré-candidatos à Prefeitura do Rio “decidiu” que Freixo, Jandira e Molon estarão “unidos no segundo turno”. A Mídia Ninja, totalmente vinculada ao ex-governismo, informa que o encontro pautou ainda “agendas de construção conjunta das campanhas”. Fomos informados das “deliberações” por setores externos ao PSOL. Marcelo Freixo participou desta reunião e construiu estas “deliberações” e “pautas”, conjuntamente com pré-candidatos de outros partidos, sem que nenhuma delas fosse debatida com a base do PSOL no Rio de Janeiro. Essa atitude demonstra uma total falta de democracia na condução da pré-candidatura, ignorando a militância partidária e sua pluralidade de posicionamentos políticos. É um péssimo indicativo, para a construção de uma prefeitura verdadeiramente democrática, se desde o nascedouro os rumos da pré-candidatura não são debatidos com a base partidária que fará a campanha nas ruas.

Por tudo isso, a decisão sobre programa, alianças e a chapa majoritária não deve ser feita apenas pelo diretório. Reivindicamos que haja uma plenária de base e que tudo seja decidido neste espaço. Devemos rechaçar essa movimentação e a tentativa de fazer uma aliança velada com esses partidos. Sem denunciar categoricamente todos eles é impossível que o PSOL apareça como alternativa real. Ao invés de buscar alianças eleitoreiras, o PSOL deve buscar apresentar-se de forma coerente e honesta, sem barganhas e alianças com partidos corruptos, financiados por empreiteiras.
Não podemos servir de bote salva-vidas para o ex-governismo decadente, que de forma oportunista só busca unidade com o PSOL após terem sido escorraçados do poder pelos velhos e reacionários ex-aliados do PMDB, PP e outras legendas fisiológicas e corruptas. O que não faltam são motivos para mostrar que uma aliança com PT, PCdoB e REDE não tem nada de esquerda, seria mero oportunismo eleitoreiro.

Defendemos uma frente de esquerda com quem está nas lutas, ocupações e greves, com quem não participar de governos que atacam os trabalhadores. Uma frente de esquerda com os companheiros do PSTU e do PCB, com um programa que enfrente de forma coerente dos governos do PMDB, o ex-governismo do PT e os tucanos. Além das siglas partidárias, queremos sim alianças com os grevistas, com os estudantes que estão ocupando escolas, com os garis, rodoviários, os que estão resistindo contra as remoções. Essa é a única força social para transformar o PSOL em uma real alternativa capaz de derrotar o PMDB e a possibilidade de um governo Crivella.

Babá (vereador PSOL-RJ)
Michel Oliveira (Executiva Nacional do PSOL)
Rosi Messias (Executiva Estadual do PSOL-RJ)
Denis Melo (Executiva Municipal do PSOL-RJ)
Bárbara Sinedino (Executiva Municipal do PSOL-RJ