Sexta, 24 de junho de 2016
Fernanda Cruz – Repórter da Agência Brasil
O advogado Guilherme de Salles Gonçalves, acusado
de envolvimento na Operação Custo Brasil, deve se entregar à Polícia
Federal (PF) hoje (24), informou a Justiça de São Paulo. A assessoria do
escritório Guilherme Gonçalves & Advogados Associados informou à Agência Brasil que ele chega de Portugal no início da noite.
Guilherme,
que atuou na campanha da senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), estava no
exterior quando foi decretada a sua prisão preventiva. Após o
depoimento, ele será levado, junto com os outros oito presos, incluindo o
ex-ministro Paulo Bernardo, para a superintendência da PF na capital
paulista.
Segundo a assessoria de imprensa da Justiça, os
depoimentos no prédio da 6a Vara Criminal Federal começaram às 9h de
hoje. Por volta das 12h15, ainda era colhido o depoimento de um terceiro
acusado, cujo nome não foi revelado. A assessoria não informou a ordem
das audiências.
O
ex-ministro do Planejamento e das Comunicações, Paulo Bernardo, e
outros setes presos passaram a noite na carceragem da Polícia Federal,
na capital paulista. Hoje pela manhã, às 8h30, deixaram a sede da
superintendência em três viaturas da polícia.
A assessoria de
imprensa da PF informou que os acusados prestam depoimentos em audiência
de custódia na 6a Vara Criminal Federal em São Paulo, que devem durar o
dia inteiro. Depois, retornam para a carceragem da Polícia Federal,
onde serão ouvidos.
Ex-ministro do Planejamento e das
Comunicações, Paulo Bernardo e outros cinco presos chegaram no início da
noite de ontem (23) em São Paulo, em dois aviões, que pousaram no
aeroporto de Guarulhos. Além deles, o secretário municipal de Gestão de
São Paulo, Valter Correia da Silva, e outro preso já estavam no prédio
da PF. Todos passaram a noite em celas.
Acusação
Paulo
Bernardo é investigado em um esquema de pagamento de propina - estimado
em mais de R$ 100 milhões - para diversos funcionários públicos e
agentes políticos na época em que era ministro do Planejamento,
Orçamento e Gestão, entre os anos de 2010 e 2015.
A 6ª Vara
Criminal Federal de São Paulo havia ordenado a prisão de 11 acusados de
envolvimento no esquema de fraudes no contrato para gestão de
empréstimos consignados no Ministério do Planejamento. Um deles, o
ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto, já estava preso em Curitiba, e
dois, que não tiveram os nomes divulgados, ainda não foram encontrados.
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Michèlle Canes – Repórter da Agência Brasil
O Ministério Público Federal denunciou à Justiça
Federal, em Curitiba, o ex-tesoureiro do Partido Progressista (PP) João
Claudio Genu pelo recebimento de mais de R$ 6 milhões em propina
desviada de contratos da Petrobras. Ele é acusado pelos crimes de
participação em organização criminosa, corrupção passiva e lavagem de
dinheiro, no âmbito da Operação Lava Jato, que investiga desvios de
recursos na estatal. Genu foi um dos presos na 29ª fase da operação, no mês passado.
Além
de Genu, que é ex-assessor parlamentar do ex-deputado José Janene,
foram denunciadas, na noite de ontem (23), mais cinco pessoas: Lucas
Amorin Alves, Jayme Alves de Oliveira Filho, Rafael Ângulo Lopes e
Carlos Rocha (o Ceará) e a mulher de Genu, Cláudia Contijo Genu. Na
denúncia, os procuradores pedem que o valor para a reparação do dano
seja fixado em R$ 357.945.680,52.
“As investigações apontaram que
Genu era um dos beneficiários e articuladores do esquema de desvio de
recursos da estatal petrolífera, recebendo um percentual fixo da propina
destinada ao PP”, diz a nota divulgada pela Procuradoria da República
no Paraná. Entre as provas apresentadas pelos procuradores da Lava Jato,
estão planilhas, depoimentos de colaboradores e e-mails. Foram
encontrados também registros da portaria dos escritórios do doleiro
Alberto Youssef que mostram que Genu visitou diversas vezes o local
entre 2011 e 2014.
Pelo crime de corrupção passiva, o ex-assessor
e ex-tesoureiro teria atuado junto com o ex-diretor de abastecimento da
Petrobras Paulo Roberto Costa no recebimento de propina que soma R$
357.945.680.52, entre 2007 e 2012. O valor corresponde a 1% do valor de
contratos firmados entre a Petrobras e empreiteiras.
Posto da Torre
Segundo
o MPF, a denúncia mostra que Genu recebeu R$ 4.393.195, 125 mil euros
(R$ 475 mil) e US$ 390 mil (R$ 1.365.000) entre 2008 e 2013. O dinheiro
era repassado por Alberto Youssef, que usava como emissários Rafael
Angulo, Jayme Alves e Carlos Rocha. “Em outras oportunidades, o doleiro
também utilizava a estrutura de lavagem de dinheiro montada no Posto da
Torre, em Brasília, para o envio de propina. Neste caso, Genu contou com
a ajuda do seu sócio, Lucas Amorin Alves, também denunciado, para a
retirada dos valores no local”, acrescenta o texto.
Com relação
ao crime de lavagem de dinheiro, pelo qual a esposa de Genu também foi
denunciada, o MPF diz que para ocultar os recursos e dar aparência
lícita ao dinheiro, Genu disponibilizou recursos em espécie para Cláudia
comprar joias, no valor de R$ 134 mil, em uma loja especializada
localizada em Brasília, entre 2013 e 2014. As joias não foram declaradas
à Receita Federal.
“Para o MPF, a esposa de Genu tinha
conhecimento direto que o dinheiro se tratava de produto de crime,
considerando que, na época, o ex-assessor parlamentar já tinha sido
condenado no processo do mensalão pelo saque em espécie de
aproximadamente R$ 1,1 milhão das contas das empresas de Marcos Valério
no Banco Rural”, acrescenta a nota.
A assessoria de comunicação da defesa de João Claudio Genu e de sua esposa informou que ainda não tem conhecimento da denúncia.
O
PP informou que não se pronuncia sobre a denúncia oferecida contra
Genu. “[Mas, o partido reitera que não compactua com atos ilícitos e
acredita no trabalho da Justiça para esclarecer os fatos.”