Segunda, 13 de junho de 2016
Do Porta Notibras
Marta Nobre, edição
O novo presidente dos Correios, Guilherme Campos Júnior, está com as
digitais sujas de lama. É o que afirma a Polícia Federal, após abrir
investigar para apurar a falsificação de assinaturas. O caso é tratado
como segredo de Justiça e está associado a assinaturas falsas para a
criação do PSD em 2011. Guilherme foi nomeado na última quinta-feira (9)
por Michel Temer para comandar a ECT. Ele preside o PSD e nega
participação no caso.
O PSD foi oficialmente criado em 2012 durante um processo liderado
pelo então prefeito de São Paulo e atual ministro de Ciência, Tecnologia
e Comunicações Gilberto Kassab. Para que um partido seja criado, entre
outros requisitos, é necessário que a nova legenda consiga o apoio de
0,5% do total do eleitorado registrado no Brasil. Esse apoio precisa ser
feito por meio de assinaturas que, para terem validade, precisam ser
posteriormente verificadas pela Justiça Eleitoral dos Estados de onde
elas são provenientes.
Em 2011, o MPE-SP (Ministério Público Eleitoral de São Paulo) abriu
um inquérito para apurar as suspeitas de que algumas das assinaturas
remetidas pelo PSD à Justiça Eleitoral para embasar o pedido de registro
do novo partido eram falsas.
Entre os problemas apontados por promotores estava a suposta
utilização de assinaturas de pessoas que haviam morrido anos antes da
criação do partido. Principal articulador para a criação do partido, o
hoje ministro da Ciência, Tecnologia e Comunicações Gilberto Kassab
disse à época que a existência de assinaturas de eleitores mortos na
lista de apoio ao PSD era uma “imperfeição”.
O inquérito contra Guilherme Campos Júnior tramitou no STF (Supremo
Tribunal Federal) entre 2012 e 2015, período no qual ele exerceu o
mandato de deputado federal pelo Estado de São Paulo. Nesse período, a
PGR (Procuradoria Geral da República) pediu para que Guilherme Campos
Júnior prestasse depoimento e solicitou a verificação das assinaturas de
10 eleitores. Os dados coletados pela PGR foram remetidos à Justiça
Eleitoral de São Paulo em fevereiro de 2015, depois que Campos Júnior
não conseguiu se reeleger nas eleições de 2014 e, consequentemente,
perdeu o foro privilegiado.