Segunda, 27 de junho de 2016
'As pessoas medem as outras pela própria régua' (Janaína Paschoal)
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'As pessoas medem as outras pela própria régua' (Janaína Paschoal)
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Mariana Jungmann – Repórter da Agência Brasil
Um
bate-boca marcou os trabalhos da Comissão Processante do Impeachment
hoje (27), durante a oitiva do ex-ministro do Desenvolvimento Agrário,
Patrus Ananias, como testemunha de defesa da presidenta afastada, Dilma
Rousseff. Depois de ter dito em plenário que o juiz que determinou a
prisão de seu marido, o ex-ministro Paulo Bernardo, tinha sido
orientando pela advogada de acusação do processo de impeachment, a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), voltou a levantar o assunto durante a reunião da comissão.
“Não
me constrange nem um pouco vir aqui, nem me intimida estar aqui. Nem os
comentários que aqui foram feitos, ou comentários soltos, de professora
orientadora de tese de juiz de primeiro grau que quis intimidar o
Senado da República”, disse Gleisi.
O comentário da senadora
levou a advogada Janaína Paschoal a fazer um pedido de resposta,
alegando a necessidade de defender a própria honra. Janaína disse que as
“ilações” sobre o posicionamento eventualmente político do juiz Paulo
Bueno de Azevedo, que conduz as investigações da Operação Custo Brasil,
foram levantadas inicialmente pelo senador Lindbergh Farias (PT-RJ) e
negou que tenha ingerência sobre decisões judiciais.
“As pessoas
medem as outras pela própria régua. Como os petistas têm vassalos, e não
orientandos, acreditam que os outros professores também exigem que as
pessoas se ajoelhem. Os meus orientandos são juízes, promotores,
advogados, pesquisadores, das mais diversas orientações ideológicas.
Eles nunca se submeteram a mim. Eles nunca me deram uma satisfação, a
não ser da própria pesquisa. Porque o meu papel na universidade é formar
pessoas de cabeças livres. Por isso, tenho orientandos inclusive
petistas”, afirmou.
Em seguida, Lindbergh Farias usou o microfone
para acusar Janaína de usar a comissão para se posicionar
politicamente, evitando o debate jurídico em torno de eventual crime de
responsabilidade que tenha sido cometido por Dilma. O senador disse que
advogada tinha sido contratada pelo PSDB e não estava ali por idealismo.
"A senhora começou nesse processo por R$ 45 mil. Foi por isso que a
senhora começou. Contratada pelo PSDB, sim. Agora é a idealista. Não
venha com esta!.”
A acusação gerou nova reação de Janaína, que
questionou Lindbergh sobre os R$ 2 milhões que o ex-diretor da Petrobras
Paulo Roberto Costa disse ter repassado ao senador. “Eu não sou
processado, eu respondo a inquérito. E tenho certeza de que vou provar a
minha inocência nesse processo todo”, respondeu o parlamentar.
O
presidente da comissão, senador Raimundo Lira (PMDB-PB) teve
dificuldade para controlar o plenário e reiniciar os trabalhos. Ao fim,
Lira ficou de analisar uma questão de ordem apresentada pelo líder do
PT, Humberto Costa (PE), sobre os limites da atuação da advogada na
comissão.