Domingo, 10 de julho de 2016
"A velha tradição de um favor por um voto, com muito pedido de ajuda
pessoal na época da eleição, os churrascos oferecidos, com os candidatos
disputando os votos dos moradores muito mais nos patrocínios do que nas
propostas, levam o eleitor a desempenhar o papel de um cliente que
deseja obter as benesses dos recursos da autoridade política que
controla ou influencia."
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A velha tradição de um favor por um voto
Do Blog do Sombra
Por SALIN SIDDARTHA
Por SALIN SIDDARTHA
Há políticos que começam na vida pública como exemplos de
trabalhadores, advogados, médicos, engenheiros e terminam milionários,
exercendo unicamente a atividade política. E têm uma biografia repleta
de escândalos e corrupção. Uma série de situações moralmente vexatórias
pontua a vida pública de diversos políticos. Para piorar esse lamentável
quadro, o nível de credibilidade nos partidos políticos é baixíssimo.
Eles estão tornando-se agremiações de finalidade vazia, sem compromisso
social, convertendo-se em franquias para negócios.
O povo percebe isso e, desse modo, existe uma forte raiva
disseminada contra os partidos políticos, o Congresso Nacional e contra
os políticos tradicionais. Em suma, instalou-se um desalento na
população e um descrédito na democracia representativa.
As estruturas políticas estão desajustadas da realidade, o que tem
aumentado a falta de legitimidade entre a democracia e os organismos e
instituições responsáveis por ela. A relação íntima entre
patrimonialismo, corrupção e cooptação política manipula a realidade
político-eleitoral, macula a legitimidade democrática e afeta e impede
qualquer processo de mudança, a começar pela tão necessária reforma
política. O Brasil é uma ferida aberta que se ressente de inúmeros
escândalos que destacam negativamente a história do País.
A corrupção desestimula a população a integrar-se como agente do
processo político pela ideologia que é implantada pelas próprias
oligarquias corruptas no seio da sociedade. Sob a alegação de que “todo
político é corrupto”, “não há como fazer política sem praticar
corrupção” e outras balelas que, propositadamente, afastam o cidadão da
prática política, fazem com que ele se recuse a participar e, assim,
deixe o campo livre para que os corruptos continuem a locupletar-se,
comprometendo a democracia.