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(Millôr Fernandes)

sexta-feira, 1 de julho de 2016

Lá vem mais machadadas: Sérgio Machado informa ao STF que apresentará novas provas na Lava Jato; outro delator diz que repassou R$ 5 milhões para campanha do senador Eunício Oliveira

Sexta, 1º de julho de 2016
André Richter – Agência Brasil

Ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado (Agência Petrobras/Divulgação)
O ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado   —Agência Petrobras/Divulgação
A defesa do ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado informou hoje (1º) ao Supremo Tribunal Federal (STF) que vai apresentar novas provas para serem anexadas aos depoimentos de delação premiada prestados por ele na Operação Lava Jato.
Na petição, a defesa informa que Machado está levantando dados complementares aos depoimentos prestados e pede mais 20 dias para finalizar o trabalho.

O acordo assinado por Machado com a Procuradoria-Geral da República diz que novas informações podem ser apresentadas pelo delator em 60 dias, mas não especifica o período inicial da contagem do prazo. Por esse motivo, os advogados pediram autorização do ministro Teori Zavascki, responsável pelos processos da Lava Jato no STF, para anexar novas provas.

Machado ficou no comando da subsidiária da Petrobras de 2003 a novembro de 2014. Ele disse que políticos indicavam aliados para cargos em empresas estatais para conseguir “o maior volume possível de recursos ilícitos tanto para campanhas eleitorais quanto para outras finalidades”. Segundo Machado, a função dos diretores indicados era administrar as empresas e “arrecadar propina para os políticos que os indicaram”.

Nos depoimentos, o ex-presidente da Transpetro disse que repassou propina para mais de 20 políticos de vários partidos. Em outro depoimento, ele afirmou que foram repassados ao PMDB “pouco mais de R$ 100 milhões”, que tiveram origem em propinas pegas pelas empresas que tinham contratos com a Transpetro.

De acordo com os termos do acordo de delação, divulgados hoje, após decisão de Zavascki, Sérgio Machado vai devolver R$ 75 milhões. Desse total, R$ 10 milhões deverão ser pagos 30 dias após a homologação, que ocorreu no mês passado, e R$ 65 milhões parcelados em 18 meses. Por ter delatado os supostos repasses de recursos da Transpetro para políticos, Machado vai cumprir pena em regime domiciliar diferenciado.
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Delator diz que repassou R$ 5 milhões para campanha do senador Eunício Oliveira

André Richter – Repórter da Agência Brasil
O ex-diretor da Hypermarcas Nelson José de Mello disse em depoimento de delação premiada que pagou R$ 5 milhões em despesas de campanha do senador Eunício Oliveira (PMDB-CE) para o governo do estado em 2014.

De acordo com o delator, os pagamentos foram feitos por meio de contratos fictícios, operados pelo empresário Milton Lira, alvo de um dos mandados de busca e apreensão da Operação Sépsis, nova fase da Operação Lava Jato deflagrada nesta sexta-feira (1º).


No depoimento, Mello relatou que o lobista lhe informou que foi procurado por um sobrinho de Eunício Oliveira, chamado Ricardo, que pediu ajuda para a campanha eleitoral do tio. Devido à “posição do senador”, o delator concordou em fazer o repasse.
“Que pagou despesas de empresas que prestava serviços à campanha de Eunício Oliveira; que ajudou mediante contratos fictícios; que o contrato foi no montante de R$ 3,350 milhões; que tratou com a esposa de uma pessoa que cuidava da campanha de marketing do governador, de Salvador, que são sócias de direito de duas empresas; que essas empresas não tinham capital social suficiente para o pagamento; que ao final se providenciou uma nova nota fiscal para totalizar R$ 5 milhões.”, diz trecho do depoimento.

Segundo o delator, Milton Lira era um lobista “respeitado e tinha prestígio entre os senadores” e pedia contribuições para ajudar “amigos que teriam despesas de atividades políticas”, sem citar diretamente nome de políticos.

O advogado Antônio Carlos Almeida Castro, representante do senador, disse que todos os recursos da campanha foram declarados e que o sobrinho de Eunício não conhece Milton Lira. A Agência Brasil não conseguiu localizar a defesa do lobista Milton Lira.