Sábado, 2 de julho de 2016
Mariana Tokarnia - Agência Brasil
O Ministério Público Federal (MPF) informou que
vai recorrer da decisão do desembargador Antonio Ivan Athié, do Tribunal
Regional Federal da 2ª Região, que concedeu prisão domiciliar para
Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, Adir Assad, Marcelo Abbud,
Cláudio Abreu e Fernando Cavendish. A decisão do magistrado foi tomada
em segunda instância nessa sexta-feira (1º) e reverteu a prisão
preventiva, determinada pelo juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal
Criminal do Rio de Janeiro.
"Vamos recorrer para tentar reverter
essa decisão, que beira o abolicionismo penal, prisões domiciliares sem
análise mais profunda e cuidadosa, num contexto de desvios de quase 400
milhões, soltura relâmpago", diz o procurador-chefe da procuradoria
Regional da República, José Augusto Vagos, que atua junto ao Tribunal
Regional Federal da 2ª Região.
"[É] um desprestígio aos órgãos de
persecussão que trabalharam duro para essa operação, gasto enorme de
tempo e dinheiro para, sem maiores considerações e aprofundamentos,
concederem-se prisões domiciliares em série", complementa. Ele diz ainda
que foram mais de 20 denunciados, mas que o MPF teve o cuidado de pedir
prisão de poucos, que representam risco à ordem pública.
Operação Saqueador
Os
mandados de prisão foram expedidos no âmbito da Operação Saqueador da
Polícia Federal, que rastreia esquema de desvio de verbas públicas e
lavagem de dinheiro, no valor de R$ 370 milhões. De acordo com o
Ministério Público Federal (MPF), os principais acusados são o
empresário Fernando Cavendish, ex-dono empreiteira Delta Construção, e o
bicheiro Carlinhos Cachoeira.
Além deles, foram denunciadas 21
pessoas – executivos, diretores, tesoureira e conselheiros da
empreiteira, além de proprietários e contadores de empresas fantasmas,
criadas por Carlinhos Cachoeira, Adir Assad e Marcelo Abbud.
Segundo
o MPF, foram reastreados os pagamentos feitos pela Delta a empresas de
fachada. Foi verificado ainda aumento dos valores dessas transferências
em anos de eleições. Foram feitas transferências, por exemplo, de R$ 80
milhões para uma obra inexistente chamada Transposição do Rio Turvo, no
Rio de Janeiro.
As empresas, que só existiam no papel, recebiam o
dinheiro, mas não executaram o serviço. De acordo com o MPF, as
empresas de Adir Assad e Marcelo Abbud emitiam notas frias não só para a
Delta, mas para muitas outras empresas. Segundo as investigações, o
esquema também serviu de suporte à corrupção na Petrobras.