Segunda, 11 de julho de 2016
André Richter – Agência Brasil
O
Supremo Tribunal Federal (STF) marcou os depoimentos de cinco delatores
da Operação Lava Jato na ação penal em que o deputado federal Eduardo
Cunha (PMDB-RJ) responde pelo recebimento de R$ 5 milhões de propina em
contas não declaradas na Suíça. As testemunhas são de acusação e foram
arroladas pelo Ministério Público Federal (MPF).
Conforme
despacho assinado na sexta-feira (8) por um juiz auxiliar do gabinete do
ministro Teori Zavascki, no dia 1º de agosto, serão ouvidos na Justiça
Federal do Rio de Janeiro o ex-diretor da Área Internacional da
Petrobras Nestor Cerveró, o ex-diretor de Abastecimento da estatal Paulo
Roberto Costa e o lobista Fernando Soares, conhecido como Fernando
Baiano.
No dia 21 deste mês, o doleiro Alberto Yousseff prestará
depoimento na Justiça Federal em Curitiba. Outro delator, o empresário
Júlio Gerin de Almeida Camargo, que acusou Cunha de receber propina,
falará à Justiça Federal em São Paulo no dia 8 de agosto.
Com a
exceção de Youssef, todos os delatores estão em prisão domiciliar em
função das informações fornecidas à força-tarefa de investigadores da
Lava Jato. Por terem assinado acordo de colaboração, os quatro delatores
são obrigados a contar os fatos de que tiverem conhecimento e não podem
ficar calados durante à oitiva.
No dia 22 de junho, o Supremo
decidiu abrir a segunda ação penal contra Cunha, na qual o parlamentar é
acusado de receber US$ 5 milhões de propina em um contrato de
exploração da Petrobras no Benin, na África, e de ter contas não
declaradas na Suíça.
A terceira denúncia contra o parlamentar foi
protocolada pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, no mês
passado. Eduardo Cunha foi citado nos depoimentos de delação premiada de
Fábio Cleto, ex-vice-presidente de Fundos de Governo e Loterias da
Caixa.
Segundo Cleto, o deputado recebia 80% da propina
arrecadada entre empresas interessadas na liberação de verbas do Fundo
de Investimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FI-FGTS).
Após
a divulgação do conteúdo da delação, o ex-presidente da Câmara dos
Deputados divulgou nota negando o recebimento de “vantagens indevidas”.