Domingo, 31 de julho de 2016
No domingo 31/07, a Frente Povo Sem
Medo, a Frente Brasil Popular, a maioria das correntes do PSOL e outras
organizações da esquerda participarão dos atos, convocados em diversas
capitais do país, sob as palavras de ordem de FORA TEMER! QUE O POVO DECIDA!
Não temos dúvidas, e assim estamos fazendo, que é necessário lutar e
procurar a mais ampla unidade para lutar contra o governo ilegítimo de
Michel Temer e seus ajustes estruturais, que visam retirar direitos
previdenciários e trabalhistas e desmontar os serviços públicos, além de
avançar nas privatizações, medidas que em grande parte foram elaboradas
pelos governos Lula e Dilma.
No entanto, não confundimos a ilegitimidade de Michel Temer com um
suposto golpe. A CST foi e continua estando contra o impeachment, pois
esse congresso recheado de delinquentes e mafiosos não possui nenhuma
legitimidade para afastar a presidente.
Assim como não chamamos de golpista o impeachment que colocou Collor
para fora, nem questionamos, pelo contrário, defendemos o fora FHC
levantado pelo PT e a CUT, quando os tucanos nos acusavam de golpistas, o
impeachment é uma medida prevista pela constituição e não quebra a
ordem constitucional nem provoca uma quebra no regime político.
Se hoje os partidos da velha direita querem acabar com o governo Dilma e
o PT, responde a uma razão essencial: o PT é incapaz de controlar o
movimento de massas, que rompeu massivamente com sua antiga direção, e
por este motivo já não lhes é útil para aplicar o plano de ajuste e
preferem alguém que não seja “intermediário”, mas agente direto.
Este é o desafio central que a esquerda tem que responder: como fazemos
para construir uma nova direção, como fazemos para conformar um terceiro
campo alternativo, longe de ajustadores, corruptos, petistas traidores e
da velha direita?
De nossa parte, queremos que Dilma saia definitivamente pela mobilização
popular, (igualmente Temer) pois não podemos esquecer que foi no seu
governo que começaram a discutir e aplicar as medidas neoliberais que
Temer retoma e reforça, como a Reforma da Previdência (sendo que Lula
votou ela pela primeira vez contra os servidores públicos em 2003,
comprando os votos através do mensalão). Além de Dilma ter sido eleita
através de um estelionato eleitoral, afirmando por ex. que não iria
mexer com direitos dos trabalhadores nem que “a vaca tussa” e acusando
os tucanos de querer aplicar uma política econômica que foi a que ela
tentou aplicar assim que assumiu.
O fato de que o PCdoB, CUT e UNE, organizações que defenderam o conjunto
de políticas anti operárias de Dilma e Lula, estejam convocando estes
atos, e que, no facebook da Frente Povo sem Medo, os parlamentares
petistas Lindbergh Farias e Paulo Pimenta façam uma chamada para eles,
demonstra claramente que serão, mais uma vez, convertidos em atos pelo
“volta Dilma” e de defesa de Lula e do PT. Por isso, insistem mais de
uma vez na tese do golpe. Não podemos esquecer que o próprio Lula, hoje
réu no Lava Jato, foi a principal estrela do último desses atos.
Pois, se estas organizações quisessem de verdade expulsar Temer e seu
plano de miséria, porque não convocam uma greve geral para valer, com
assembleias nos locais de trabalho, preparada de forma democrática? Isso
teria um efeito muitíssimo maior que 10 ou 100 atos pelo “volta Dilma”,
já que isto não unifica o povo trabalhador, que fez sua experiência com
os governos do PT e que precisa de uma direção que esteja à altura para
defender de verdade os direitos dos trabalhadores, o trabalho e o
salário, dos ataques que vem sofrendo.
Por sua vez, está ainda em fase inicial o dia 16/08 como um dia nacional
de lutas unificado, convocado pelas maiores centrais sindicais do país,
manifestação que, se confirmada, pode ganhar uma centralidade
extraordinária por possibilitar a batalha por uma ação conjunta da
classe trabalhadora e dos setores explorados. O presidente da CUT
voltou a declarar que articula junto às demais centrais uma possível
greve geral para resistir contra a retirada de direitos dos
trabalhadores. Sendo preciso transformar essas palavras em ação.
Portanto, consideramos que a unificação das lutas, das campanhas
salariais rumo à greve geral é o melhor método para derrotar o governo
burguês, conservador e pró-imperialista de Temer e os ataques que foram
anunciados.
Impulsionar, apoiar e participar da convocação do dia 16/08, propondo a
continuidade das manifestações com novo dia nacional de lutas em
setembro através da unidade das campanhas salariais dos correios,
bancários, petroleiros, metalúrgicos e das manifestações dos demais
setores em luta, como a campanha dos SPF’s contra o PL 257 e dos
trabalhadores em educação contra o projeto de escola sem partido, contra
a Reforma da Previdência e as privatizações rumo à greve geral. É o
caminho que a esquerda e os setores combativos devem tomar. Esse é nosso
compromisso.
30/07/2016
Executivo Nacional da CST /PSOL