Segunda, 4 de julho de 2016
Felipe Pontes - Repórter da Agência Brasil
O pagamento de propinas ao ex-tesoureiro do PT Paulo Ferreira
teve como objetivo não somente irrigar as finanças do partido, como
também proporcionar vantagens pessoais a ele, disseram investigadores
responsáveis pela 31ª fase da Lava Jato, denominada Operação Abismo,
deflagrada hoje (4) pela Polícia Federal. Ferreira está preso desde o
dia 23 na superintendência do órgão em São Paulo, em decorrência da
Operação Custo Brasil, também da PF.
Os investigadores disseram
ter colhido provas de que Ferreira recebeu recursos desviados da
Petrobras. Ele usava contas de parentes para receber os recursos, um
blog no qual publicava notas favoráveis à sua atuação política e também
uma escola de samba de Porto Alegre para receber o dinheiro.
Em
delação premiada, o operador financeiro Alexandre Romano disse ter
desviado R$ 1 milhão de contratos para a reforma do Centro de Pesquisas
da Petrobras (Cenpes), no Rio de Janeiro, para Ferreira.
Segundo
os investigadores, Romano apresentou talões de cheque que comprovam o
pagamento de R$ 2 mil ao próprio Ferreira e outros R$ 3,5 mil a seus
dois filhos. Valores diversos foram pagos a assessores da tesouraria do
PT e, segundo as investigações, também a uma servidora da Casa Civil da
Presidência da República.
No despacho em que o juiz Sergio Moro
autoriza a prisão preventiva de Ferreira, consta que o blog do advogado
Júlio Garcia, na qual há publicações favoráveis a Paulo Ferreira,
recebeu R$ 6 mil por meio de cheque nominal. Outros R$ 45 mil foram
pagos à escola de samba Estado Maior da Restinga, também por meio de
cheques.
Ferreira foi candidato a deputado federal pelo Rio
Grande do Sul nas eleições de 2014, mas não conseguiu se eleger. Durante
a campanha, ele recebeu da direção nacional do PT um repasse de R$ 266
mil proveniente de doação da Carioca Engenharia, empreiteira cujos
diretores Ricardo Pernambuco e Ricardo Pernambuco Júnior delataram o
cartel nas obras do Cenpes. Outros R$ 95 mil foram recebidos da Andrade
Gutierrez.
O procurador da República Roberson Pozzobom, que
esteve à frente da Operação Abismo, lembrou que Paulo Ferreira é
atualmente suplente de deputado federal, indicando mais uma vez que a
corrupção tem como meta influir diretamente nas decisões da classe
política brasileira.
“Agentes políticos estão no topo da cadeia
alimentar das propinas", disse Pozzobom, "O povo brasileiro hoje já não
aguenta mais que os agentes políticos flertem, namorem e casem com a
corrupção”, afirmou, antes de explicar os detalhes do esquema.
“Precisamos da reforma política. Precisamos mudar esse sistema, só assim
conseguiremos virar a página para um Brasil mais justo”, disse.
O
procurador estimou que o esquema investigado na Operação Abismo tenha
resultado num prejuízo de R$ 39 milhões aos cofres da Petrobras. Como
Paulo Ferreira já se encontra preso na Superintendência da PF em São
Paulo, em decorrência da Operação Custo Brasil, deflagrada na semana
passada, não houve necessidade de cumprir seu mandado de prisão
preventiva.
Outros quatro mandados de prisão temporária foram
expedidos, contra os executivos ligados ao Consórcios Novo Cenpes:
Edison Freire Coutinho, Roberto Ribeiro Capobianco, Genésio Schiavinato
Júnior e Erasto Messias da Silva Júnio, em diligências feitas em em São
Paulo, Rio de Janeiro e Distrito Federal. Os dois últimos investigados
ainda não foram localizados pela PF.
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O texto a seguir foi acrescentado à postagem às 16h05
Ferreira está preso desde o dia 24 de junho, quando foi alvo de outra operação, a Custo Brasil. De acordo com as investigações, Ferreira recebeu recursos desviados da Petrobras, por meio de contas parentes para receber os recursos, um blog no qual publicava notas favoráveis à sua atuação política e também por uma escola de samba de Porto Alegre.
A Agência Brasil entrou em contato com a defesa de Paulo Ferreira e aguarda retorno.
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O texto a seguir foi acrescentado à postagem às 16h05
Moro determina bloqueio preventivo de contas de ex-tesoureiro do PT
André Richter – Repórter da Agência Brasil
O juiz federal Sérgio Moro determinou hoje (4) o bloqueio
preventivo de R$ 5 milhões nas contas do ex-tesoureiro do PT Paulo
Ferreira, alvo da 31ª fase da Operação Lava Jato, deflagrada na manhã de
hoje (4). O objetivo da medida é garantir o ressarcimento dos cofres
públicos em caso de condenação, mas não significa que Ferreira tenha os
valores depositados.Ferreira está preso desde o dia 24 de junho, quando foi alvo de outra operação, a Custo Brasil. De acordo com as investigações, Ferreira recebeu recursos desviados da Petrobras, por meio de contas parentes para receber os recursos, um blog no qual publicava notas favoráveis à sua atuação política e também por uma escola de samba de Porto Alegre.
A Agência Brasil entrou em contato com a defesa de Paulo Ferreira e aguarda retorno.