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(Millôr Fernandes)

sábado, 6 de agosto de 2016

Brizola se recusou a unir o PDT ao PTB, para evitar contágio da corrupção

Sábado, 6 de agosto de 2016
Da Tribuna da Internet
Antonio Santos Aquino
 
Roberto Jefferson se tornou famoso como advogado no Programa “O Povo na TV”, de Wilton Franco, nos idos de 1981. Apareceu em um “imbroglio” acontecido em Petrópolis, onde ele morava. Era um caso entre um sitiante e um empregado. Ele passou a ir sempre ao programa, sempre com sua característica de sensacionalista. Já naquela época acompanhara Ivete Vargas na disputa da sigla do PTB com Brizola. Ivete deu apoio do PTB a Sandra Cavalcanti para disputar o governo do RJ em 1982, contra Brizola.

Ivete depois adoeceu e apareceram os pretendentes ao cargo de presidente do PTB. Jefferson não foi conduzido, mas apresentou-se como filho de um trabalhista histórico. Assim, em pouco tempo Jefferson galgou a vice-presidência do partido. Na Câmara, apareceu como defensor ardoroso do presidente Collor, foi contra o impeachment.

Agora, as palavras de Jefferson sobre Lula mostram sua incoerência. Na época do mensalão, dizia que Lula estava sendo enganado e não sabia de nada. De repente, mudou de ideia.

REUNIÃO COM BRIZOLA – Um pouco antes do mensalão, houve um encontro de Brizola com José Carlos Martinez, presidente do PTB, e Roberto Jefferson. O assunto era a unificação trabalhista. Eu e mais alguns companheiros éramos favoráveis à fusão do PDT com o PTB e incentivamos Brizola com diversas cartas (ainda não havia e-mails), em que expúnhamos nossas razões.

Depois de quase tudo certo, a unificação emperrou, porque Martinez queria ser presidente do partido depois da fusão. Brizola argumentava que ele não poderia sê-lo, pois era empresário e dono de uma rede de TV (a CNT).

No desiderato de convencer Brizola, Jefferson jogou a última cartada: “Governador, nós temos em caixa 4 milhões de reais e o senhor será o nosso tesoureiro”. Brizola imediatamente levantou da cadeira e disse: “A reunião está encerrada; não existe mais acordo”.

DINHEIRO DA PROPINA – O dinheiro a que Jefferson se referiu devia ser a propina que o PTB estava recebendo do PT. Nessa época, Brizola já saíra com o PDT da base do PT, por achar que o governo petista estava indo para direita, Dirceu comportava-se como primeiro-ministro e Lula era movido a álcool.

Recusando a unificação do PDT com o PTB, Brizola deu uma demonstração de ter entendido que aquela jogada era suja. Por isso, quando veja pessoas de bem se referindo a Roberto Jefferson como “bandido preferido”, acredito que se trate de exercício de retórica. Pessoas de bem, em sã consciência, não podem ter preferência por bandido.