Segunda, 8 de agosto de 2016
Mariana Jungmann - da Agência Brasil
A estudante de jornalismo Patrícia Lélis reafirmou hoje (8), em entrevista coletiva, a acusação de
tentativa de estupro contra o deputado Marco Feliciano (PSC-SP) e de
ameaça e cárcere privado contra o assessor dele, Talma Bauer. O assessor
chegou a ser detido em São Paulo na última sexta-feira (5) por causa da
denúncia, mais foi liberado na madrugada de sábado (6).
Patrícia
é da juventude do PSC, partido de Feliciano. A estudante contou que foi
chamada por Feliciano para ir ao apartamento funcional dele, em
Brasília, no dia 15 de junho, para participar de uma reunião sobre a
Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investigaria a União
Nacional dos Estudantes (UNE).
Segundo ela, ao chegar à casa do
deputado, ela descobriu que ele estava sozinho e que não havia reunião.
Feliciano então, segundo a estudante, tentou estuprá-la. Patrícia relata
que gritou e que uma vizinha do deputado bateu à porta para saber o que
estava acontecendo, o que colaborou para que o fato não se
concretizasse.
Ainda de acordo com a estudante, assim que deixou o
apartamento funcional de Feliciano, ela foi à Câmara dos Deputados e
tentou pedir ajuda a membros do PSC, entre eles o presidente do partido,
Pastor Everaldo, em vão. Patrícia relata que recebeu oferta de dinheiro
de Everaldo, que teria entregado um saco com uma quantia que ela não
sabe o valor.
Ameaças em São Paulo
Na
entrevista desta tarde, Patrícia Lélis contou ainda que alguns dias
depois recebeu uma oferta de emprego em São Paulo do jornalista Emerson
Biazon e viajou com ele para lá. No entanto, ela suspeita que Biazon foi
enviado por Feliciano, porque ela não chegou a fazer a entrevista para a
vaga.
Em
São Paulo, Patrícia diz ter recebido a visita de Bauer, o que foi
registrado pelas câmeras de segurança do hotel em que ela estava
hospedada. A partir do momento em que ficaram sozinhos, a estudante
relata que passou a receber ameaças do assessor de Feliciano e foi
obrigada a entregar para ele senhas de redes sociais, que ele passou a
gerenciar como se fosse ela.
“As
duas fotos que tem com o meu namorado que foram postadas, foram
postadas pelo Bauer. Porque até então ele estava com as minhas senhas.
[Tinha] senha do Facebook, tinha baixado o whatsappweb no computador
dele e a senha do Instagram”, listou.
“Foi à base de ameaça, ele
estava armado. Tudo que eu fiz foi à base de ameaça. E não foi qualquer
ameaça. Foram ameaças de uma pessoa que tinha uma arma. Porque até
então, o Bauer é aposentado da polícia, ele anda armado”, completou.
Patrícia
também contou que foi obrigada por Bauer a gravar dois vídeos nos quais
falava bem do deputado e desmentia o relato que ela própria tinha feito
ao jornalista Leandro Mazzini, em Brasília, acusando Feliciano da
tentativa de estupro. Na primeira gravação, segundo ela, ficou visível
seu nervosismo, o que provocou suspeitas de pessoas conhecidas. Por
isso, o assessor a teria obrigado a gravar um novo vídeo. Patrícia nega
que tenha recebido dinheiro para fazer as gravações e diz que foi
ameaçada.
“Não era assim, faça o vídeo que eu vou te dar
dinheiro. Não era assim. Ele falava: 'faça o vídeo porque senão você vai
morrer. A gente sabe onde você mora, a gente sabe da sua família'. Mas
toda hora ele falava assim: 'quanto você quer para esquecer esse
assunto, para esse assunto morrer?'”, contou.
A estudante diz que
conseguiu se salvar porque pediu ajuda a dois jornalistas que foram até
o hotel para tentar ouvi-la. Ao relatar as ameças aos repórteres, a
estudante diz que foi levada à delegacia por eles. Ainda segundo
Patrícia, um dos repórteres gravou uma ligação de Bauer para ela,
determinando que ela não saísse do hotel e o aguardasse chegar.
Além
do boletim de ocorrência já registrado, Patricia disse hoje que passou
por exame de corpo de delito no Instituto Médico Legal.
Em um
vídeo postado em sua página na internet hoje, Marco Feliciano nega o
caso e diz que com o tempo ficará provado que as acusações não passam de
“engodo” e “mentira”. Talma Bauer não foi localizado pela reportagem da
Agência Brasil. A assessoria de Pastor Everaldo informou que ele deve
se pronunciar sobre o caso por meio de nota amanhã (9).
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Veja também: Caso Feliciano: "Tive uma decepção enorme, foi a direita que me massacrou", disse Patrícia Lélis hoje no Senado
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