Domingo, 7 de agosto de 2016
Do Jornal do Brasil
Executivos afirmam que valor foi repassado ao tucano durante campanha presidencial de 2010
De acordo com os executivos da Odebrecht, a campanha do hoje ministro
das Relações Exteriores, José Serra, para a Presidência da República em
2010, recebeu cerca de R$23 milhões da empreiteira. Corrigido pela
atual inflação, o valor é equivalente a R$ 34,5 milhões.
Os
procuradores da força-tarefa da Operação Lava Jato e da Procuradoria
Geral da República (PGR) obtiveram esta revelação na última semana,
através de funcionários da empresa que tentam homologar um acordo de
delação premiada. As informações são da Folha de S. Paulo.
Durante o encontro,
que aconteceu na sede da Polícia Federal em Curitiba, os executivos
informaram que parte do valor foi entregue no Brasil, e parte foi paga
através de depósitos em contas bancárias no exterior. As conversas fazem
parte de uma série de entrevistas em que os possíveis delatores da
Operação Lava Jato corroboram informações que são apresentadas pelos
advogados durante negociação de delação premiada. No entanto, o acordo
ainda não foi assinado.
Afim de comprovar que houve o pagamento
via caixa dois, a Odebrecht diz que irá apresentar extratos bancários
que mostram os depósitos realizados fora do país, que tinham como
destino final a campanha do então candidato à Presidência da República,
José Serra.
Essa é a primeira vez que o nome do tucano é envolvido nas investigações de esquemas de corrupção na Petrobras.
Segundo a Folha de S. Paulo,
os funcionários da empreiteira também relatarão propina paga aos
intermediadores de José Serra no período em que ele foi governador de
São Paulo, entre os anos de 2007 e 2010. Os desvios teriam sido feitos
durante à construção do trecho sul do Rodoanel Mário Covas.
O
trecho em questão, teve suas obras iniciadas durante o primeiro ano da
gestão de Serra, e foi orçado em R$3,6 bilhões, na época.
Através
de nota, o ministro das Relações Exteriores, José Serra (PSDB-SP),
afirmou que a campanha para a presidência, em 2010, foi conduzida de
acordo com a legislação eleitoral em vigor à época, e que, as finanças
de sua campanha foram responsabilidades do PSDB.
"A minha campanha
foi conduzida na forma da lei e, no que diz respeito às finanças, era
de responsabilidade do partido", afirmou o tucano, repetindo as
respostas do ex-tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, e do presidente do
PT, Rui Falcão, diante de acusações de caixa 2.
Sobre o suposto
pagamento de propina durante seu mandato de governador do Estado de São
Paulo, entre 2007 e 2010, relacionada à construção do trecho sul do
Rodoanel, Serra diz considerar a acusação "absurda".
"Até porque a empresa em questão já estava participando da obra quando assumi o governo do Estado", informa.