Do Blogue Náufrago da Utopia
Por Celso Lungaretti
O tiro de misericórdia no mandato de Dilma Rousseff acaba de ser dado pela executiva do PT, ao rechaçar por 14 votos a 2 sua proposta de realização de um plebiscito para antecipar-se a próxima eleição presidencial.
Finalmente deve ter-lhe caído a ficha de que não existem senadores suficientes dispostos a devolver-lhe as rédeas do governo. Então, tentando escapar da vergonha de ser impichada, Dilma agora se propõe, demagogicamente, a convocar um plebiscito que encurtaria seu mandato.
Como disse em 1958 o genial Garrincha, quando o técnico da Seleção Brasileira, Vicente Feola, desenhava no quadro-negro, nos mínimos detalhes, as jogadas que o nosso escrete deveria fazer para marcar gols e mais gols: "Mas, os adversários já concordaram com tudo isso?", indagou o Mané da perna torta. Pois, se eles não fizessem o que Feola esperava, para que serviriam todos aqueles rabiscos?
Da mesma força, sem a anuência do Judiciário e dos próprios adversários do PT, não existe possibilidade nenhuma de viabilizar tal plebiscito. Então, está certo o partido ao recusar-se a endossar o que não passa de uma proposta extemporânea e oportunística.
Chance de dar certo havia no mês de março, quando lancei tal ideia. Mas, como eu queria honestamente evitar um governo Temer, não pugnando em causa própria como a afastada, acrescentei um ingrediente indigesto para ela, mas fundamental para o projeto vingar: a renúncia de Dilma. Caso contrário, as forças contrárias suspeitariam de tudo não passar de um pulo do gato para salvar o pescoço da dita cuja, e nada feito!
Enquanto havia uma (pequena) possibilidade de salvar-se a situação, Dilma não admitiu encurtar voluntariamente seu mandato.
Azar dela, que poderia terminá-lo com um mínimo de dignidade, mas, como de hábito, tomou a decisão errada.
Azar nosso, que vemos findar a fase dos governos petistas com perda total para a esquerda. Levaremos muito tempo para recuperar a credibilidade dilapidada nos últimos anos.
Eis o que sugeri no dia 11/03/2016 e voltei a propor em vários artigos seguintes, sempre clamando no deserto:.
Ele deu a vida para reagir ao inimigo. Ela, nem o mandato. |
Dilma, convoque a imprensa para um pronunciamento decisivo e comunique ao País e ao mundo que você está disposta a abrir mão do seu mandato para o bem da Nação, desde que o Michel Temer faça o mesmo.
Argumente que a crise política, econômica e moral é tão profunda que os governantes atuais se deslegitimaram e é hora do poder voltar à fonte do qual emana, o povo.
Argumente que a crise política, econômica e moral é tão profunda que os governantes atuais se deslegitimaram e é hora do poder voltar à fonte do qual emana, o povo.
Que o Brasil precisa novamente ser passado a limpo.
Que os brasileiros devem escolher livremente aquele(a) a quem querem delegar a difícil missão de tirá-los do fundo do poço, ao invés de serem obrigados a engolir um político que, por ação ou omissão, é co-responsável por tudo que tem sido feito de errado e desastroso pelo Governo federal desde 2011.
Que os brasileiros devem escolher livremente aquele(a) a quem querem delegar a difícil missão de tirá-los do fundo do poço, ao invés de serem obrigados a engolir um político que, por ação ou omissão, é co-responsável por tudo que tem sido feito de errado e desastroso pelo Governo federal desde 2011.
Exorte publicamente o Michel Temer a agir com o mesmo desapego pelo poder e a mesma disposição de colocar os interesses do povo sofrido acima dos cálculos mesquinhos da política e até das frustrações pessoais, por piores que elas sejam. Bote-o numa saia justa: ele merece!
Parafraseando uma afirmação que tanto nos empolgou lá no comecinho da nossa trajetória, a esta altura do campeonato você não tem mais nada a perder, Dilma, e um passado glorioso a honrar".