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(Millôr Fernandes)

sexta-feira, 9 de setembro de 2016

Demissão de Medina exibe o comprometimento do governo Temer com a corrupção

Sexta, 9 de setembro de 2016
Da Tribuna da Internet
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Sem coragem para encarar Medina, Temer mandou Padilha demiti-lo
Carlos Newton
A demissão do ministro-chefe da Advocacia-Geral da União (AGU) foi um dos maiores erros estratégicos do governo de Michel Temer, que montou um Ministério altamente comprometido com os esquemas de corrupção, a pretexto de garantir maioria na base aliada. Logo no início, teve de demitir três ministros –Romero Jucá (Planejamento), Henrique Alves (Turismo) e Fabiano Silveira (Transparência, Fiscalização e Controle). Todos caíram por citações fortemente comprometedoras na Operação Lava Jato.
É impressionante constatar que 19 dos 22 nomes escolhidos inicialmente por Temer estão implicados em alguma acusação, processo judicial, investigação ou são citados na Lava Jato. Oito deles estão mencionados em delações premiadas, inquéritos ou na chamada “lista da Odebrecht” – Eliseu Padilha (Casa Civil), Geddel Vieira Lima (Governo), José Serra (Itamaraty), Mendonça Filho (Educação), Ricardo Barros (Saúde), Bruno Araújo (Cidades), Osmar Terra (Desenvolvimento Social e Agrário) e Raul Jungmann (Defesa), o único que parece ter sido citado equivocadamente.

MAIS ENVOLVIDOS – Incluindo o secretário de Privatizações e Concessões, Moreira Franco, que não tem status de ministro, esse número sobe para nove. Mas o total chega a 12 se forem considerados os ministros cujos pais são políticos e estão nas investigações da Lava Jato — Helder Barbalho (Integração Nacional), Fernando Bezerra Filho (Minas e Energia) e Sarney Filho (Meio Ambiente).
E mais cinco ministros estão sob outras investigações, respondem a processos ou são acusados de irregularidades –Maurício Quintella (Transportes), Blairo Maggi (Agricultura), Alexandre de Moraes (Justiça), Gilberto Kassab (Comunicações) e Leonardo Picciani (Esportes).
UM NOME LIMPO – No meio dessa verdadeira formação de quadrilha, o jurista Fábio Medina Osório, da AGU, despontava como um raríssimo profissional ficha limpa. Sua presença no Ministério, sem dúvida, era a única indicação de que Temer poderia estar apoiando a Lava Jato, mas essa possibilidade acaba de ser descartada.
Vejam um detalhe importante na cobertura jornalística dessa trama:  Na primeira reportagem que saiu sobre a demissão de Medina, nesta quinta-feira, às 20h53m, informava a Folha que “segundo relatos de integrantes de cúpula do governo, Padilha não concordaria com a tese de acesso da AGU aos inquéritos de políticos envolvidos na Lava Jato e também não gostou das ações da pasta contra as empreiteiras investigadas na operação”.
QUIS CUMPRIR A LEI – Portanto, Medina Osório contrariou o governo Temer ao mover ações contra as empreiteiras, para que devolvam ao erário os recursos desviados no esquema de corrupção, estimados pela AGU em R$ 23 bilhões.  Além disso, na opinião do governo, Osório teria errado também ao solicitar ao Supremo os dados sobre políticos envolvidos na corrupção, para igualmente lhes cobrar ressarcimento.
Em tradução simultânea, constata-se claramente que o governo Temer quer proteger as empreiteiras e políticos envolvidos na corrupção. Publicamos uma matéria a esse respeito aqui na Tribuna da Internet às 22h28m de quinta-feira, e o efeito foi fulminante. Às 23h14m, a Folha alterava o título anterior (Ministro da Casa Civil pede demissão de chefe da AGU”) amaciando para “Ministro da Casa Civil pede que chefe da AGU se demita”.
O mais interessante é que na parte que enfocava a justificativa da demissão, misteriosamente sumiu do texto a referência à cobrança de ressarcimento às empreiteiras corruptas, que desde sempre vinha sendo o maior motivo das críticas à atuação de Medina, cuja intenção era simplesmente fazer a AGU cumprir suas obrigações constitucionais, mas agora fica claro que o propósito do governo de Michel Temer é mesmo de proteger as empreiteiras e os políticos envolvidos na Lava Jato.
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PS – O assunto é da maior importância e logo iremos voltar a ele, com novas informações(C.N.)