Sexta, 23 de setembro de 2016
Léo Rodrigues – Correspondente da Agência Brasil
A Polícia Federal (PF) deflagrou hoje (23) a 9ª fase da Operação
Acrônimo, que investiga vantagens indevidas concedidas a empresas na
implementação de políticas públicas e esquemas ilegais que teriam
beneficiado a campanha eleitoral de Fernando Pimentel (PT) em 2014,
quando ele se elegeu governador mineiro. O secretário da Casa Civil e
das Relações Institucionais de Minas Gerais, Marco Antônio de Rezende
Teixeira, é alvo de um mandado de condução coercitiva.
O
depoimento de Teixeira está previsto para hoje, mas familiares disseram
aos policiais que ele não está em Belo Horizonte. A PF também cumpre
mandado de busca e apreensão no apartamento do secretário. Também há
mandado de condução coercitiva para Paulo Moura Ramos, atual presidente
da Prodemge, empresa estatal de tecnologia da informação, e sócio de
Teixeira na empresa MOP Consultoria.
O total de mandados dessa
fase da Operação Acrônimo não foi informado, mas não há pedidos de
prisão. A Polícia federal também cumpre mandado de busca e apreensão na
sede da construtora OAS, em Brasília.
A defesa de Fernando
Pimentel se manifestou sobre os desdobramentos de hoje. "Essa operação
já se esgotou. O que resta é o gosto pelos holofotes e a busca
desesperada de provas que não existem e de fatos que as autoridades
tiveram notícia desde o ano de 2014. Não existe nem nova e nem fase na
Acrônimo. O único fato verdadeiro é que a operação agoniza lentamente,
diante das inúmeras ilegalidades e abusos praticados desde o seu
início", diz nota do advogado Eugênio Pacelli.
Operação
Fernando
Pimentel já foi indiciado pela Polícia Federal duas vezes na Operação
Acrônimo. A primeira delas foi em abril, quando ele foi acusado de interceder
para favorecer a montadora Caoa, representante da Hyundai no Brasil. Em
2012, quando Pimentel era ministro do Desenvolvimento, Indústria e
Comércio Exterior, foi lançado o Programa Inovar Auto, que concedia
incentivos fiscais a indústrias do setor automotivo. Em troca a empresa
teria repassado recurso para a campanha eleitoral de 2014.
O segundo indiciamento
ocorreu na semana passada juntamente com o empresário Marcelo
Odebrecht. Conforme os indícios levantados na operação, o governador
recebeu propina da construtora Odebrecht, que havia sido beneficiada
pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que
na época era vinculado ao ministério comandado por Pimentel era
ministro. O episódio teria sido revelado pelo empresário Benedito
Oliveira, conhecido como Bené. Apontado como operador do esquema que
beneficiava Pimentel, ele foi preso e fechou acordo de delação premiada
em abril.
No dia 15 de setembro, a PF deflagrou a 8ª fase da Operação Acrônimo.
Na ocasião foram cumpridos 20 mandados judiciais, sendo 11 conduções
coercitivas e nove mandados de busca e apreensão nos estados de São
Paulo, do Rio de Janeiro e de Minas Gerais, além do Distrito Federal.
As
investigações tinham como foco dois inquéritos policiais que apuravam
eventos distintos. Um deles está vinculado ao pagamento de vantagens
indevidas para fraudar licitações no Ministério da Saúde, beneficiando
gráfica de propriedade de um dos investigados.
O outro evento
apurado era a suposta negociação e pagamento de vantagens indevidas por
uma empreiteira para obtenção de financiamentos de projetos no exterior
pelo BNDES. O episódio teria ocorrido entre 2011 e 2014, também durante a
gestão de Pimentel no Ministério do Desenvolvimento, Indústria e
Comércio Exterior.