Quinta, 15 de setembro de 2016
Da Agência Brasil
A Justiça Federal no Paraná divulgou hoje (15) a sentença em que o
juiz Sérgio Moro condena o pecuarista José Carlos Bumlai, o ex-diretor
da Petrobras Nestor Cerveró e outros réus da 21ª fase da Lava Jato pelos
crimes de lavagem de dinheiro, gestão fraudulenta e corrupção passiva e
ativa. Nestor Cerveró foi condenado a 6 anos e 8 meses em regime
semiaberto.
Bumlai recebeu uma pena de nove anos e dez meses de
prisão. Ele é responsabilizado pelo empréstimo de R$ 12 milhões feito
junto ao Banco Schahin, em outubro de 2004, e, segundo o pecuarista, em
depoimento à Justiça, o dinheiro foi destinado ao PT.
“Ninguém
obrigou José Carlos Costa Marques Bumlai a aceitar figurar como pessoa
interposta no contrato de empréstimo ou aceitar a quitação fraudulenta
do empréstimo ou a simular a doação de embriões bovinos. É óbvio que
assim agiu para, assim como o Grupo Schahin, estabelecer ou manter boas
relações com a agremiação política que controlava o governo federal”,
diz Moro.
De acordo com a denúncia do Ministério Público Federal
(MPF), em relatório constante da sentença, o Banco Schahin concedeu, em
outubro de 2004, um empréstimo de R$ 12.176.850,80 a Bumlai. O dinheiro
teria como beneficiário real o PT, tendo o pecuarista sido utilizado
somente como pessoa interposta. O empréstimo, com vencimento previsto
para novembro de 2005, não foi pago e nem possuía garantia.
“A
dívida, sem que tivesse havido qualquer pagamento até então, foi quitada
em 28/12/2009, mediante prévio contrato de transação, liquidação e
dação em pagamento de embriões de gado bovino por José Carlos Bumlai a
empresas do Grupo Schahin, e que foi celebrado em 27/01/2009. A dação
[extinção da dívida] em pagamento teria sido simulada, pois os embriões
bovinos nunca foram entregues”, diz o documento.
Segundo o MPF, a
verdadeira causa para a quitação da dívida teria sido a contratação da
Schahin pela Petrobras para operação do Navio-Sonda Vitoria 10.000, o
que ocorreu em 28 de janeiro de 2009, “com memorando de entendimento
entre a Petrobras e a Schahin, tendo se iniciado em 2007. O contrato foi
celebrado pelo prazo de dez anos, prorrogáveis por mais dez anos, com
valor global de pagamento de USD 1,562 bilhão”.
O ex-tesoureiro
do PT João Vaccari Neto também foi condenado a seis anos e oito meses de
reclusão em regime semiaberto. Milton Taufic Schahin e Salim Schahin
receberam uma pena de nove anos e dez meses de prisão por crimes de
gestão fraudulenta de instituição financeira e corrupção ativa e o
executivo Fernando Schahin a cinco anos e quatro meses em regime
semiaberto.