Segunda, 5 de setembro de 2016
Do Esquerda.Net
Em entrevista à Antena 1, o
Nobel da Economia defende um “divórcio amigável” por parte de alguns
países do euro, entre os quais Portugal. Se continuar na moeda única, o
nosso país “está condenado”, prevê o economista.
5 de Setembro, 2016
Joseph Stiglitz. Foto Unido/Flickr
“Acho
que a Europa, como um todo, devia começar a pensar num divórcio
amigável com alguns países, para estes pensarem em formas para lidar com
a saída. Não será um processo imune a dificuldades (…). Custa mais a
Portugal ficar do que sair do euro”, afirmou Joseph Stiglitz à Antena 1,
numa entrevista em que faz um balanço negativo da resposta europeia à
crise: “Os benefícios da Alemanha têm sido em parte a custo dos países
do Sul europeu”, defende.
O economista que foi galardoado com o Prémio Nobel em 2001 acredita
que a Europa “não tem, nem vai ter condições políticas para fazer as
mudanças necessárias”, pelo que, a manter-se na moeda única, Portugal
“está condenado”.
A manutenção de Portugal na moeda única significa a submissão à
receita alemã da austeridade, que irá continuar “mesmo que a teoria
económica e até o Fundo Monetário Internacional (FMI) demonstrem,
claramente, que a austeridade nunca irá funcionar”, acrescenta o
economista. Por isso, conclui que “cada vez é mais claro que ficar é
mais custoso do que sair” do euro e “se reconhecermos o custo de
continuar neste pântano, o risco de uma saída de Portugal do euro pode
ser mais baixo do que ficar”.
Uma saída negociada com base num “divórcio amigável” permitiria à
economia portuguesa “crescer, criar emprego e um processo de
reestruturação da dívida”. Um caminho que, “apesar de ser duro”, daria os
seus frutos, já que após a “dívida estruturada, a moeda cresceria”,
assegura Joseph Stiglitz.
O economista alerta ainda para os riscos da política europeia. “É a
política perto do precipício, saltando de uma crise para outra. No
último minuto faz o mínimo necessário para sair dessa crise. A
dificuldade desta política do precipício é que há a probabilidade de
caírem do precipício”, acrescenta o economista, para quem “é muito claro
que o BCE não vai conseguir resolver estes problemas sozinho”. Para
mais, o programa de compra de dívida de empresas por parte do BCE vai
aumentar a desigualdade entre as economias. “O que acontece é que as
empresas alemãs vão beneficiar com as compras do BCE, mas as de Portugal
não vão ter esse benefício. Resumindo: as empresas alemãs vão
beneficiar, as portuguesas não”, defende o economista.
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Aqui vai o link para a entrevista: