Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

domingo, 16 de outubro de 2016

A ordem era, sim, matar Marighella”, diz filho de guerrilheiro

Domingo, 16 de outubro de 2016
Da Ponte — direitos humanos, justiça e segurança pública

Advogado Carlos Augusto Marighella elogia ação do MPF de investigar como ocorreu morte de seu pai, há 47 anos, e o compara a Mandela

O advogado Carlos Augusto Marighella, aos 68 anos, mora em Salvador, na Bahia (Foto: Agência Brasil)
O advogado Carlos Augusto Marighella, aos 68 anos, mora em Salvador, na Bahia (Foto: Agência Brasil)
O advogado Carlos Augusto Marighella, 68 anos, que carrega o nome de seu pai, morto por agentes da repressão em 4 de novembro de 1969, na Alameda Casa Branca, nos Jardins, zona nobre de São Paulo, classificou a ação do Ministério Público Federal (MPF) de apurar a morte do líder da ALN (Ação Libertadora Nacional) como “fantástica e muito importante”. A decisão de apurar o que de fato aconteceu naquela noite, revelada pelo jornal “O Estado de S.Paulo” neste domingo (9), é do procurador da República Andrey Borges de Mendonça. “Bela iniciativa do procurador. Espero, sinceramente, que isso prospere”, diz.

“Quarenta e sete anos depois, a versão de que meu pai era um criminoso precisa ser desmentida totalmente. Meu pai foi barbaramente, criminosamente e friamente assassinado. Ele foi metralhado. É preciso restaurar a verdade”, diz Carlos Marighella, por telefone, de Salvador (BA), onde vive. Ele pede para que seja chamado de Carlinhos. O filho do guerrilheiro diz que, em meados dos anos 2000, a família recebeu R$ 100 mil após a Comissão Especial de Mortos e Desaparecidos Políticos ter constatado que ele foi executado enquanto já estava dominado e sob o poder do Estado.