Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

domingo, 23 de outubro de 2016

Sinpro/DF: Jornal publica dados errados para ajudar Rollemberg a cortar investimentos no setor público

Domingo, 23 de outubro de 2016
Do Sinpro-DF
A imprensa de Brasília volta a demonizar o funcionalismo e os serviços públicos, como fez criminosamente no fim da década de 1980 e nos anos 1990, sobretudo durante o governo neoliberal do ex-presidente da República Fernando Collor de Mello, quando criou o mau hábito de pichar os (as) servidores (as) públicos (as) de “marajás”.

Uma matéria publicada nessa sexta-feira (21), pelo Correio Braziliense, intitulada “DF lidera gasto com pessoal”, mostra que a mídia não tem compromisso com a verdade e, para desqualificar serviços e servidores (as) públicos (as) e  “conquistar” o apoio da população para a aprovação da PEC 241, que congela o investimento de dinheiro público nos serviços públicos, e outros projetos em curso que desmontam o Estado de direitos, vale qualquer coisa.
Nessa matéria, o jornal e as fontes entrevistadas prestam um desserviço à população e falsifica números para jogá-la contra o funcionalismo. Os cálculos da matéria e números demonstrados não levam em consideração dados relevantes e determinantes no resultado das contas apresentadas.
Não foram levadas em conta as competências de estados e municípios e não contabilizaram os orçamentos desses dois entes para calcular as posições na classificação e, apesar desse erro, colocaram o DF no ranking. Para o cálculo ser sério, honesto e real, teria de considerar o gasto com a Folha de Pagamento de todos os estados e municípios do país e dividir pelo número de habitantes de cada um deles. Afinal, o DF não é estado e, sim, uma unidade da Federação que reúne competências de estado e de município. Confira a matéria do Correio Braziliense aqui.

Um dos motivos de o cálculo estar errado é porque não considerou os gastos dos municípios e somente o dos estados. Outro erro é que desmembrou as competências de estados e municípios e, assim, o custo da Folha foi também desmembrado, o que não ocorre com o DF. Por exemplo: uma das atribuições dos estados é investir dinheiro público na segurança e no ensino médio públicos. Aos municípios, por sua vez, compete financiar o Ensino Fundamental, a pavimentação e o saneamento. O DF reúne todas essas competências.

Assim, ao analisarmos os dados do estudo mencionado na matéria, denominado Boletim de Finanças Públicas dos Entes Subnacionais, divulgado nessa sexta-feira (21) pela Secretaria do Tesouro Nacional (STN), descobrimos que, em vez de estar em primeiro lugar, o DF está no oitavo e pode cair ainda mais se executarmos o cálculo honesto com cada uma das 27 unidades da Federação. As contas do jornal e a opinião de um dos entrevistados da matéria deturpam completamente a informação.

Por exemplo, se o cálculo tivesse considerado o custo per capita de Roraima nas duas esferas, estadual e municipal, esse estado não estaria abaixo do DF e sim muito acima. Outro dado importante não mencionado na matéria é o de que o próprio Boletim informa que esse levantamento foi realizado para se criar um software cuja finalidade é a de ajudar as Prefeituras a terem um controle melhor dos gastos públicos.

Ainda analisando os erros da matéria, em se considerando o gráfico do próprio Correio Braziliense e os do Boletim da STN, verifica-se que o Estado de São Paulo tem um gasto com servidores per capita de R$ 1.604,30. Contudo, se consideramos apenas o Município de São Paulo e somarmos o gasto com funcionalismo do município e do estado e dividirmos pelo número de habitantes o valor sai de R$ 1.604,39 para R$ 2.028,67.

Ou seja, se somarmos o gasto com funcionalismo estadual e municipal que atuam apenas na capital do Estado de São Paulo, o valor apresentado na matéria é elevado em 26%. Apenas esse cálculo retira São Paulo da 16ª posição – no que se refere a gasto com pessoal – para 8ª posição, passando à frente de vários estados que, pelo gráfico da matéria, estão na frente.

Outro problema da matéria é que buscou um alto funcionário do banco de investimentos INVX Global Partners para analisar os resultados. Os bancos são os principais interessados em transformar direitos sociais em mercadoria. É por isso que o Fundo Monetário Internacional (FMI) voltou a ditar normas na economia brasileira desde que o vice, Michel Temer, assumiu o Palácio do Planalto. O FMI lançou recentemente um comunicado dizendo que urge o Brasil fazer uma reforma da Previdência e suspender os gastos públicos em serviços públicos por 20 anos.

O INVX Global Partners é um banco de investimento privado, com sede em Miami, Flórida, que atua na América Latina, França e Tunísia em várias áreas do mercado financeiro. O INVX Global Partners e a INVX Global Capital Asset fazem parte da instituição financeira denominada INVX GLOBAL GROUP, da qual faz parte a empresa INVX Global Capital Asset, de gestão de fundos incorporados, como fundos de pensão, com filial em São Paulo, onde os governos estadual e municipal são do PSDB.