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(Millôr Fernandes)

sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

França: Escândalo com candidato da direita às eleições presidenciais

Sexta, 27 de janeiro de 2017
Do Esquerda.Net
François Fillon, o candidato que ganhou as primárias da direita francesa, está a ser investigado pela justiça por ter pago 600 mil euros à esposa por um emprego no parlamento onde ela nunca trabalhou.

Nicolas Sarkozy e François Fillon, então presidente e primeiro-ministro de França, respetivamente - 2010
Nicolas Sarkozy e François Fillon, então presidente e primeiro-ministro de França, respetivamente - 2010

François Fillon é um destacado político do partido de direita Les Républicains (ex-UMP e ex-RPR), desde 1981. Foi durante vários mandatos deputado, presidente de Câmara, Presidente de Conselho Regional, ministro (entre 1993 e 1997 e entre 2002 e 2007) e primeiro-ministro entre 2007 e 2012, durante a presidência de Nicolas Sarkozy. Em novembro passado, foi escolhido em primárias candidato da direita francesa às presidenciais de 2017, derrotando Alain Juppé e Nicolas Sarkozy.
Fillon cria falso emprego no parlamento para a mulher

A denúncia foi feita nesta quarta-feira pelo semanário Le Canard Enchaîné.
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Segundo o jornal, François Fillon deu emprego à sua mulher, a inglesa Penelope Fillon, como assessora parlamentar, durante vários anos. Segunda a denúncia ela terá recebido no total 600.000 euros, mas nunca terá tido qualquer trabalho no parlamento. O jornal sublinha que ninguém conhecia Penelope como assessora parlamentar, ou se cruzou com ela no trabalho.

O jornal refere que Penelope terá recebido um vencimento bruto de 3.900 euros mensais, entre 1998 e 2002, e 4.600, durante seis meses de 2012, como assistente parlamentar do marido, enquanto ele era deputado. Entre 2002 e 2007, Penelope receberia 7.900 euros brutos mensais como assessora do deputado Marc Joulaud, que substituiu Fillon, enquanto este era ministro.
Um porta-voz do candidato da direita às presidenciais francesas negou que o emprego de Penelope Fillon fosse fictício, posteriormente o próprio candidato negou qualquer irregularidade e acusou o jornal de misoginia. Fillon tinha feito da defesa da transparência, um elemento essencial da sua campanha.
A justiça francesa está a investigar o candidato por “uso indevido de fundos públicos”.
Em França, deputados empregam familiares como assessores
O facto de Fillon ter empregado a esposa não é ilegal em França. O escândalo provém do facto de ela nunca ter trabalhado como assessora e ganha ainda mais relevo pelo facto de o vencimento da senhora Penelope subir de forma exponencial.
As declarações de Penelope (ao dizer que nunca se envolveu nas campanhas políticas do marido) dão reforçada credibilidade à denúncia do semanário. Em outubro de 2016, Penelope Fillon afirmou ao jornal Le Bien Public
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: “Até agora, nunca me envolvi na vida pública do meu marido.”

Hamon propõe que deputados deixem de poder contratar familiares
Alguns candidatos já se pronunciaram sobre o escândalo Fillon. A candidata da extrema-direita, Marine Le Pen, disse que não queria "fazer parte da política de bombas de mau cheiro", enquanto Manuel Valls, ex-primeiro-ministro e candidato às primárias do PS, cuja segunda volta se realiza no próximo domingo, afirmou: "não se pode ser o candidato da honestidade e transparência e não responder".
Benoît Hamon, que ganhou a primeira volta das primárias do PS, propõe que os deputados deixem de poder empregar e remunerar familiares. "Os deputados deviam deixar de poder contratar os filhos, primos, mulheres ou outros familiares", declarou Benoît Hamon.
Em 2014, o Médiapart
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 deu a conhecer que na Assembleia Nacional francesa 115 deputados (em 577) empregavam familiares no parlamento, nomeadamente 52 esposas, 28 filhos e 32 filhas.

As sondagens na primeira quinzena de janeiro de 2017
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 divulgadas este mês em França, os candidatos às presidenciais francesas de 2017 apresentam os seguintes intervalos de valores:

François Fillon (direita) 23% a 28%
Marine Le Pen (extrema-direita, FN) 22% a 27%
Emmanuel Macron (social-liberal) 16% a 24%
Jean-Luc Mélenchon (esquerda) 11,5% a 15%
Manuel Valls (PS) 9% a 13%
Benoît Hamon (PS) 6% a 7% - venceu a primeira volta das primárias do PS
François Bayrou (MoDem, direita) 5% a 8%
Yannick Jadot (EELV, verdes) 1% a 3%
Nicolas Dupont-Aignan (direita) 1% a 2,5%
Philippe Poutou (esquerda, NPA) 0,5% a 2,5%
Nathalie Arthaud (esquerda, LO) 0,5% a 1,5%
Jacques Cheminade – de 0,5%

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