Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

quinta-feira, 12 de janeiro de 2017

Juros reais não baixaram; ao contrário, estão subindo

Quinta, 12 de janeiro de 2017
Da Tribuna da Internet
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Charge do Alves, reproduzida do blog Boca Maldita

Pedro do Coutto
Juros reais, na verdade, são a diferença entre a taxa paga ao credor e o índice inflacionário vigente na época que envolve o crédito liberado. O Comitê de Política Monetária reduziu ontem o índice de 13,75% que incide sobre o estoque da dívida de 3 trilhões de reais, para 13 pontos. Redução aparente de 0,75%. Entretanto, se compararmos os 14% pagos pelo Tesouro para a mesma dívida, mas diante de uma inflação de 10,6% registrada em 2015, verificamos que os juros reais de hoje apresentam uma diferença maior para com a inflação do que os pagos na primeira fase do atual governo.

Claro que o desembolso nominal do poder público para com os que detêm notas do Tesouro Nacional que lastreiam a dívida trilionária, fisicamente, diminui. Mas isso não quer dizer que os títulos públicos tenham deixado de ser um investimento atraente e sem risco para os aplicadores, isso porque haverá sempre uma relação direta entre a taxa paga pela rolagem da dívida e o índice inflacionário existente no período.
SALÁRIOS PERDEM
Critério oposto, por exemplo, é o que rege os salários, que perdem sempre a corrida contra o processo inflacionário. Dizer, portanto, que para os assalariados de modo geral a inflação recuou não é por si um dado positivo, isso porque a correção relativa a 2015 (10,6, pelo IBGE) não foi reposta nos vencimentos ao longo de 2016. Caso do Rio de Janeiro, por exemplo, cujo funcionalismo somente agora vislumbra uma hipótese de se livrar da crise, com a articulação desenvolvida pelo ministro Henrique Meirelles e pela ministra Carmen Lúcia, juntamente com o governador Luiz Fernando Pezão, diante de uma situação gravíssima que atingiu o RJ, ao ponto de causar ameaça de paralisação da universidade, a UERJ.
Poderíamos acrescentar os saques predatórios que atingem o Maracanã, um dos maiores patrimônios públicos do país. Mas basta, para iluminar o descalabro, o parcelamento terrível do funcionalismo estadual.
A situação dos servidores estaduais é de desespero. Para eles a comparação com a inflação não é usada. Pelo contrário. Os atrasos dos vencimentos são terrivelmente angustiantes, para eles, os juros reais sobem sempre, até para pagar as contas em atraso.