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(Millôr Fernandes)

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

Diretores de OS ganham mais do que o governador

Quarta, 23 de fevereiro de 2017
Diretores da Fundação do ABC ganham mais que Governador Geraldo Alckmim

R$ 23.324,70 é o contra-cheque de cada diretor. Nenhum deles conseguiu melhorar o desempenho da OS nos municípios onde ela atua. Nas unidades de saúde terceirizadas as reclamações só aumentam.

Fonte: Diário do Grande ABC  


Os diretores da Fundação do ABC, entidade que administra a UPA Central de Santos e o Hospital Irmã Dulce, em Praia Grande, não podem reclamar da crise.

O orçamento da organização social (OS), responsável por vários outros equipamentos na Baixada e no Estado, vai superar os R$ 2,3 bilhões este ano. Números igualmente surpreendentes são os salários de seus diretores, maiores que o do governador do Estado, Geraldo Alckmim, e de muitos prefeitos onde a empresa mantém contratos de gestão.


De acordo com um levantamento do Diário do Grande ABC, a FUABC tem oito diretorias, e somente uma delas, o setor de qualidade, ainda não tem diretor contratado. Os sete diretores da entidade ‘sem fins lucrativos’ recebem mensalmente R$ 23.324,70 brutos. Na Baixada, esses salários só são menores do que a remuneração do prefeito de PG, Alberto Mourão (PSDB), de R$ 23.453,06.

Os diretores da OS também ganham bem acima do valor pago à autoridade máxima do Estado, cujos proventos mensais são de R$ 21.631,00.

Nas regiões do Grande ABC, os executivos da empresa só não recebem mais do que dois prefeitos: Santo André, Paulo Serra – R$ 27.277,32 –, e de São Bernardo, Orlando Morando – R$ 30.625,77.

A OS tem enfrentado muitas críticas de pacientes onde presta serviços, além de ações e inquéritos no Ministério Público, e também de condenações no Tribunal de Contas. Ainda assim, segue abocanhando contratos com o poder público nas cidades paulistas.

Não é exagero dizer, portanto, que os altos valores pagos aos diretores da Fundação do ABC são sustentados pelos contribuintes das cidades onde ela atua. De forma contraditória, nessas mesmas cidades, os servidores públicos têm enfrentado muitas dificuldades com governos que ameaçam atrasar salários e dizem ser impossível garantir a recomposição da inflação.

Em Santos, opor exemplo, o secretário de Gestão, Carlos Teixeira, já avisou que os servidores públicos ficarão sem reajuste. Talvez algum nível de recomposição das perdas inflacionarias possa ser oferecida no segundo semestre, após estudo financeiro. Porém, a data base dos trabalhadores é fevereiro.

A mídia local também noticiou que em Santos há, inclusive, um déficit de profissionais da saúde, em especial técnicos de enfermagem, o que gerou a interrupção do atendimento no Complexo Hospitalar da Zona Noroeste por algumas horas, no último dia 11.

Funcionários públicos e o sindicato que representa a categoria – o Sindserv – denunciaram na imprensa um esquema de trabalho criado para tapar os buracos nas escalas com equipes reduzidas e manter o atendimento à população. Por esse esquema, a Prefeitura convoca funcionários concursados a fazerem horas extras com compensação em banco de horas. Algo que nunca foi negociado com os servidores.

Enquanto isso, o prefeito Paulo Alexandre Barbosa (PSDB) gasta quase R$ 20 milhões para a Fundação do ABC conduzir a UPA Central de forma capenga e terceirizada. No local é feito um atendimento de baixíssima resolutividade, que se apoia fundamentalmente no serviço de retaguarda realizado a portas fechadas pelos servidores do antigo PS Central. Os casos complexos são transferidos da UPA para aquela unidade, onde são realmente tratados até que surja uma vaga hospitalar.