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(Millôr Fernandes)

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2017

Joalherias envolvidas em esquema de Cabral negociam acordo de leniência

Segunda, 6 de fevereiro de 2017
Do Jornal do Brasil
As joalherias envolvidas no suposto esquema de corrupção do ex-governador Sérgio Cabral - H. Stern e Antonio Bernardo - estão negociando acordos de leniência com o Ministério Público Federal (MPF), segundo o colunista Lauro Jardim.

Em dezembro de 2016, um relatório foi entregue à força-tarefa da Lava Jato no Rio pela joalheria Antonio Bernardo mostrando que Cabral comprou 460 joias entre 2000 e 2016, totalizando R$ 5,7 milhões em anéis, brincos, pulseiras de ouro amarelo e branco, diamantes, esmeraldas e pérolas, entre outras pedras e metais preciosos. A maior parte foi paga em dinheiro vivo por Cabral e por sua mulher, Adriana Ancelmo.
O relatório de 356 páginas foi enviado ao Ministério Público federal do Rio a pedido da 7ª Vara Criminal e mostra em imagens as joias adquiridas por Cabral, sua mulher e Carlos Emanuel de Carvalho Miranda, Maria Angélica dos Santos Miranda Paulo Fernando Magalhães Pinto Gonçalves, Luiz Carlos Bezerra, apontados como supostos operados do ex-governador.
No documento, a empresa relata, ainda, que os cheques entregues por Cabral e Adriana Ancelmo nas compras das joias eram apenas para garantir os pagamentos, mas depois eram devolvidos e trocados por dinheiro em espécie. Entre os itens mais caros, de acordo com o catálogo que o MPF recebeu estão um par de brincos de turmalina paraíba com diamantes de R$ 612 mil, o colar de turmalina "Blue Paradise", de R$ 229 mil, os brincos Blue Cluster de R$ 125 mil, os brincos Coruja de Diamantes de R$ 18.950 mil e o par de brincos Blacklava, comprado em dinheiro vivo por R$ 23.940.
O ex-governador do Rio foi preso no último dia 17 pela Polícia Federal acusado de receber “mesadas” de empreiteiras envolvidas em obras públicas no estado. Os procuradores da força-tarefa da Lava Jato do Rio e do Paraná informaram em coletiva de imprensa que as investigações apontam que as licitações eram fraudadas e as empresas eram selecionadas em troca do pagamento de propinas para Cabral. O ex-governador e mais oito foram presos na Operação Calicute.
H. Stern
Em depoimento à Polícia Federal, a diretora comercial da H.Stern, Maria Luiza Trotta, afirmou em novembro de 2016 que levava na residência de Cabral joias, anéis e pedras preciosas a serem escolhidos por ele e sua mulher, Adriana Ancelmo. Maria LuizaTrotta destacou que os pagamentos era feitos em dinheiro vivo. 
A diretora comercial da H.Stern afirmou que "chegou a vender joias no valor de até R$ 100 mil a Sérgio Cabral, tais como anéis de brilhante ou outros tipos de pedras preciosas, sendo o pagamento ainda que em tais quantias realizado em dinheiro".
Ela acrescentou que o dinheiro em espécie era levado a uma loja da joalheria, em Ipanema, na zona sul do Rio, por Carlos Miranda - apontado pela Operação Calicute, como operador.
A Polícia Federal avalia o valor das joias apreendidas na Operação Calicute e se elas foram compradas para lavar dinheiro roubado. São cerca de 300 peças de marcas internacionais de ouro, brilhante e pérolas. Quarenta foram apreendidas no apartamento de Sérgio Cabral e da mulher dele, Adriana Ancelmo. As outras foram encontradas com os outros integrantes do grupo de investigados.