Quarta, 5 de abril de 2017
Do Blog do Sombra
Se não houver uma mudança de comando na instituição, os defensores públicos serão facilmente trucidados.
Por Edson Sombra
A Defensoria Pública do Distrito Federal, por meio dos defensores
públicos e servidores, presta um relevante serviço à população carente
do Distrito Federal. De todos os órgãos públicos nenhum outro tem, em
seu DNA, a proximidade com a população carente como a Defensoria
Pública. É uma instituição séria e composta, em sua maioria, por homens e
mulheres de bem e comprometidos com o trabalho. Apesar do bom serviço
que prestam à população, o atual Governo do Distrito Federal parece ter
um profundo desprezo pela instituição que socorre os mais carentes e o
desprezo tem se traduzido em ataques à Defensoria Pública e alguns dos
seus integrantes.
Primeiro, o governo Rodrigo Rollemberg não reconhece, apesar da
previsão constitucional, a autonomia da Defensoria Pública. Não quer
repassar os valores devidos à título de duodécimo. Também impôs
sistemáticos vetos às leis de interesse da instituição, especialmente no
que tange ao orçamento do importante órgão. O GDF tem,
sistematicamente, jogado a Defensoria Pública do DF para escanteio.
Para subjugar a Defensoria Pública, o governo local tem se aproveitado
da fragilidade política do defensor Público Geral, Ricardo Batista
Sousa, que fez desastrosas alianças políticas no passado recente. A
inabilidade política de Sousa tem a cada minuto do dia enfraquecido a
instituição, que hoje se vê a deriva.
Primeiro, Ricardo Batista Sousa firmou uma aliança com um projeto
falido desde a sua gestação, apostando que os seus integrantes fariam o
próximo governador do Distrito Federal. Entregou cargos comissionados e
mergulhou de corpo e alma nesse projeto e parece ter assim atraído a ira
do Palácio do Buriti e a inveja de alguns deputados distritais.
A derrocada pública de Ricardo teve o seu inicio com a retirada da
Presidência da Câmara Legislativa por ordem judicial, flagrados pela
Operação Dracon.
Investigados em Inquérito Civil Público aberto pelo Ministério Público
do Distrito Federal em que se apura um suposto esquema de corrupção.
Segundo as suspeitas levantadas pelo MPDFT, o prédio que abriga a sede
da Defensoria Pública, ligada à família do deputado distrital Rafael
Prudente, teria entrado na negociação. A nomeação de afilhados políticos
também teria feito parte das negociações espúrias, segundo o despacho
de abertura do Inquérito Civil Público.
Diante do cenário de suspeita em torno do defensor público geral, este
caiu em total descrédito entre os parlamentares do Distrito Federal. É
visto com reservas. Ninguém quer, às vésperas das eleições de 2018,
vincular a própria imagem com alguém tão controverso, para se dizer o
mínimo.
Com a fragilidade do chefe da instituição, a própria Defensoria Pública
do DF encontra-se em estado de desproteção. O governo Rodrigo
Rollemberg, aproveitando-se da fragilidade e isolamento político do
defensor público geral, prepara fortes investidas contra a autonomia do
órgão.
Se não houver uma mudança de comando na instituição, os defensores públicos serão facilmente trucidados.
Cresce no meio político distrital que a única possibilidade de salvação
para a Defensoria Pública do Distrito Federal é a mudança imediata de
comando, o que só acontecerá se Ricardo Batista Sousa renunciar ao
restante do mandato. Caso, por vaidade, insista em permanecer, ainda que
de forma meramente simbólica, à frente da instituição, será o grande e
único responsável pelo desmantelo de uma instituição que tinha tudo para
ser grande, mas que está se apequenando nos últimos tempos.
A renúncia de Ricardo Batista Sousa é a única forma da instituição voltar a ter paz e continuar servindo os carentes.
A permanência de Ricardo Batista Sousa na cadeira 01 da instituição
significará que ela continuará acuada e os que não rezarem na cartilha
dele continuarão sendo perseguidos.