Domingo, 23 de abril de 2017
Da Tribuna da Internet
Fabio Sena
Diário Conquistense
Boff diz que só apoia a Teologia da Libertação
As mais recentes delações premiadas – muitas das quais fragilizaram
bastante a defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva – acendeu a
luz vermelha na esquerda brasileira e muitos teóricos como o teólogo
Leonardo Boff, antes ferrenho defensor de Lula, parecem ter sido
atingidos no coração pelas revelações de empresários como o
ex-presidente da OAS, Léo Pinheiro, e do todo-poderoso Emilio Odebrecht.
Em artigo publicado em sua página oficial, Boff avaliza uma minudente
leitura do cenário político nacional, que avalia a Lava Jato, os
delatores e dedica um parágrafo especial ao ex-companheiro, valendo-se
de artigo da jornalista Carla Jiménez do jornal espanhol El Pais, que
diz: “Lula, por outro lado, mais do que os crimes a que responde, feriu
de golpe a esquerda no Brasil. Ajudou a segregá-la, a estigmatizar suas
bandeiras sociais e contribuiu diretamente para o crescimento do que há
de pior na direita brasileira. Se embebedou com o poder. Arvorou-se da
defesa dos pobres como álibi para deixar tudo correr solto e deixou-se
cegar. Martelou o discurso de ricos contra pobres, mas tinha seu
bilionário de estimação. Nada contra essa amizade. Mas com que moral vai
falar com seus eleitores?”
CORRUPTOS E CORRUPTORES – Em sua própria avaliação,
diz o teólogo: “Seguramente a grande maioria concorda com o conteúdo e
os termos desta catilinária contra corruptos e corruptores que tem
caracterizado nos últimos tempos o Brasil. Formou-se entre nós,
praticamente, uma sociedade de ladrões e de bandidos que assaltaram o
país, deixando milhões de vítimas, gente humilde de povo, sem saúde, sem
escola, sem casa, sem trabalho e sem espaços de encontro e lazer. E o
pior, sem esperança de que esse rumo possa facilmente ser mudado. Mas
tem que mudar e vai mudar. È crime demasiado. Nenhuma sociedade
minimamente humana e honesta pode sobreviver com semelhante câncer que
vai corroendo as forças vitais de um nação”.
Boff acrescenta que está equivocado quem parte da ideia de que ele fosse um defensor do PT.
“Enganam-se aqueles que eu, pelo fato de defender as políticas
sociais que beneficiaram milhões de excluídos, realizadas pelos dois
governos anteriores, do PT e de seus aliados, tenha defendido o partido.
A mim não interessa o partido, mas a causa dos empobrecidos que
constituem o eixo fundamental da Teologia da Libertação, a opção pelos
pobres contra a pobreza e pela justiça social, causa essa tão
decididamente assumida pelo Papa Francisco”.
(artigo enviado por Mário Assis Causanilhas e Valmor Stédile)