Titanic prefixo HRSM. Imagem da internet
O HRSM está parecendo
mais com o Titanic
Não
é o Baile da Ilha Fiscal, aquela última festa realizada em novembro de 1889 e que
precedeu o desmoronamento do império, com a proclamação de República. Mais
prenunciava a vinda da República, do que uma injustificada e luxuosa festa.
O
Hospital Regional de Santa Maria (HRSM), uma unidade relativamente nova da rede
oficial de saúde do DF, está parecendo o Titanic. Bateu num iceberg da
incompetência dos governantes, rachou o casco, 'está fazendo água', encontra-se
na etapa imediatamente anterior ao de um naufrágio desastroso. Mas seus
comandantes, insensíveis, ou míopes, não enxergam o perigo, manda a orquestra
tocar e fingem que este Titanic de Santa Maria singra mares sem procelas, sem
correntezas.
Enquanto
os passageiros da segunda classe deste Titanic, isto é, os usuários do sistema
de saúde pública, as pessoas pobres de Santa Maria, Gama, e Entorno Sul do DF,
morrem nas águas da incompetência e da indiferença, os comandantes e a primeira
classe curtem sua festa. Gente está morrendo por falta de atendimento do
Titanic prefixo HRSM. Ou, ainda, por péssimo atendimento nesta nave à deriva.
Mas
festa tem. Comemorar o quê? Não há nada a comemorar, só a lamentar. A situação
de naufrágio não justifica qualquer comemoração, apenas um esforço para salvar
os destroços.
Seria
a festa da manhã desta sexta (28/4) para comemorar:
·
Comemorar os muitos leitos bloqueados na UTI, o
que significa, certamente, a possibilidade de algumas mortes evitáveis?
·
Comemorar o atendimento restrito no Pronto
Socorro?
·
Comemorar o atendimento restrito no Centro
Obstétrico? Em que só se atende casos de partos de emergência e alto risco com
gravidez abaixo das 36 semanas, e isso quando não é mais possível ‘despachar’
para outra cidade a mãe e o filho que ainda está na barriga.
·
Comemorar o Centro Cirúrgico que só funciona em
casos de emergência? As cirurgias eletivas acontecem len-ta-men-te, em razão da
falta de profissionais e insumos.
·
Comemorar a Pediatria fechada? Festa enquanto a pediatria
continua fechada? Que festa mais sem noção!
·
Comemorar a falta de insumos para realização de
exames?
·
Comemorar o fato da Clínica Médica não atender
como deveria, e merecem, os usuário do sistema público de saúde? Comemora o atendimento
restrito?
O
Titanic de Santa Maria faz aniversário neste mês de abril. Continua afundando,
mas a direção do navio armou uma festa para está sexta-feira, dia 28 de abril.
Em
reunião realizada em março pelo Conselho Regional de Saúde de Santa Maria, na
qual estiveram também presentes um representante do diretor do hospital;
o superintendente da Região Sul de Saúde (Gama e Santa Maria), doutor Robledo de Souza Leão Lacerda,
o Conselho se posicionou contrário à festa de hoje, pois entendeu que essa
comemoração representava um tapa na cara da gente sofrida de Santa Maria, Gama,
DVO, Entorno Sul do DF. Seria um acinte ao povo daquela região, que está sem
atendimento decente no HRSM.
Mas
o fato é que os comandantes do Titanic prefixo HRSM deram uma de comandantes e
tripulação daquele outro Titanic, o que se encontra há décadas no fundo do
oceano. Navio afundando, gente morrendo, e a festa rolando.
Numa
tentativa de justificar a comemoração de aniversário do HRSM hoje (28/4),
alegaram que não haveria despesas para a festa, pois os comes e bebes, os bolos
e o que mais tiver, seriam doações. Do BRB. Não entenderam o tapa na cara dos
usuários. Na reunião de março do Conselho Regional de Saúde do Santa Maria foi
colocado que se haveria doações do BRB ou de quem mais fosse, essas doações
deveriam ser na forma de materiais que faltam com frequência no hospital.
Doação, não para festa, mas, por exemplo, de papel higiênico (acredite, falta
papel higiênico no hospital), papel toalha para enxugar as mãos, e outras
coisas desta natureza.
Mas nessa
nau da insensatez, a festa deve a esta hora (10h13) estar começando. Estava prevista
para as 10 horas desta manhã. Vamos comer, beber alguma coisa permitida, cantar
um parabéns, ouvir alguns discursos de que o aniversariante —HRSM— está cada
vez mais forte e blá blá blá. Essas coisas de festinha deslocada da realidade
cruel dos usuários do sistema oficial de saúde.
Enquanto
a festa não é de ‘arromba’, como cantava Erasmo Carlos, o pobre e sofrido
Hospital Regional de Santa Maria é arrombado em sua dignidade. Dele, não, mas
dos pacientes e potenciais usuários de seus serviços.
Quanta
insensatez!!!