Sábado, 15 de abril de 2017
"Temer está pedindo 10 milhões", diz Marcelo Odebrecht. Assista aos depoimentos
Do El País Brasil
Xosé Hermida
São Paulo
A mais recente enxurrada de informações divulgada pelo Supremo Tribunal Federal sobre a Operação Lava Jato atinge de forma direta ao presidente Michel Temer.
O próprio procurador geral da República, Rodrigo Janot, explica, num
relatório, que há motivos suficientes para pedir a abertura de uma
investigação a Temer, mas que ele teve que recuar pela imunidade temporária que confere a Constituição aos presidentes.
Janot aponta que Temer, quando ainda era vice-presidente, "capitaneava"
o grupo do PMDB na Câmara que desenvolvia um esquema de cobrança de
propinas através de dois estreitos colaboradores, os atuais ministros
Eliseu Padilha e Moreira Franco. Ambos estão incluídos na Lista de Fachin de políticos que vão ser investigados por acusações de corrupção.
As
conclusões de Janot sobre Temer estão embasadas nos depoimentos de
antigos diretores da Odebrecht. O próprio ex-presidente da empreiteira,
Marcelo Odebrecht, contou aos fiscais da Procuradoria Geral da República
que em 2014 recebeu uma solicitação de Temer para repassar 10 milhões
de reais ao PMDB. O recado foi transmitido por Cláudio Melo Filho,
diretor de Relações Institucionais da empreiteira em Brasília, o homem
que mantinha contato permanente com os políticos do Congresso. Num
trecho do seu depoimento, Marcelo fala de uma conversa com o aliado de
Temer, Paulo Skaf, presidente da Federação de Indústrias de São Paulo
(FIESP), o sindicato patronal que turbinou no ano passado uma forte
campanha em favor do impeachment de Dilma Rousseff.
Em 2014, Skaf era candidato pelo PMDB ao Governo de São Paulo e também
solicitava uma doação ao presidente da empreiteira. Marcelo explicou ao
presidente da FIESP que além disso tinha um pedido anterior de Temer e
que então eles dois deveriam dividir o dinheiro. Este é o relato do
empresário no depoimento perante a Procuradoria Geral da República: