Sexta, 19 de maio de 2017
O presidente da República, tarde da noite, recebe em sua residência
oficial, um empresário que conta e detalha ao Chefe da Nação a prática
de um monte de crimes que o empresário visitante vem cometendo. Crimes
contra os interesses nacionais. Crimes contra a Administração da
Justiça. Crimes de corrupção. Crimes de Lesa Pátria. E o presidente
ouve tudo, sem esboçar reação. E quando esboça, incentiva o empresário a
continuar nas práticas criminosas.
Da Tribuna da Internet
Jorge Béja
Naquela sessão do Senado que decidiu pelo impeachment de Dilma
Rousseff, a senhora, doutora Janaína Paschoal, ao subir à tribuna para
fazer sua última sustentação oral antes da votação final, a senhora
chorou. Chorou quando disse que o pedido de afastamento de Dilma
Rousseff, do qual a senhora foi uma das subscritoras e ativa
participante de todo o processo, tinha sido feito preocupada com o
Brasil. Com o futuro do país e de seu povo. E em benefício de todas as
gerações futuras. Em benefício “de seu neto”, disse a senhora,
referindo-se ao menino, o pequeno neto da presidente Dilma.
Não, doutora Janaína Paschoal. O gesto da senhora, e de seus colegas
Hélio Bicudo e Miguel Reale Junior, também subscritores da petição do
impeachment, não foi gesto em vão. Os bons frutos virão. E essa
contaminação maligna que se arrasta e ainda se mantém no poder, mesmo
depois do afastamento de Dilma, está bem perto do fim. O Brasíl vencerá.
Viver feliz, com ordem, paz e progresso, é o primeiro e fundamental
Direito de todo o povo brasileiro.
ESTUPEFAÇÃO – Imagino o quanto a senhora, que foi
autora do pedido de impeachment, que é professora de Direito Penal da
Universidade de São Paulo (USP) e advogada militante, imagino o quanto a
senhora está estupefata com as revelações que se tornaram públicas
nesses dois últimos dias.
O presidente da República, tarde da noite, recebe em sua residência
oficial, um empresário que conta e detalha ao Chefe da Nação a prática
de um monte de crimes que o empresário visitante vem cometendo. Crimes
contra os interesses nacionais. Crimes contra a Administração da
Justiça. Crimes de corrupção. Crimes de Lesa Pátria. E o presidente
ouve tudo, sem esboçar reação. E quando esboça, incentiva o empresário a
continuar nas práticas criminosas.
GRAVAÇÃO CLANDESTINA – Andam dizendo que o
empresário induziu o presidente e a gravação do diálogo foi criminosa,
por ter sido “clandestina”, assim considerada pelo próprio presidente em
pronunciamento à Nação. Quanta insensatez, doutora Janaína. Um
presidente-jurista, professor e autor de obras sobre Direito
Constitucional, considerar “clandestina” uma gravação previamente
autorizada pela Justiça. E mais: ao acusar de “clandestina” aquela
gravação, o presidente desqualificou o Supremo Tribunal Federal, que a
considerou boa e válida, a ponto de autorizar a abertura de inquérito
policial contra o próprio presidente.
Perdoe-me, doutora Janaína. Sabemos que a senhora não tem culpa,
porque a questão é constitucional. No impeachment do presidente, é o
vice quem assume. Mas o vice de Dilma que assumiu a presidência por
causa do impeachment que a senhora postulou e venceu, ele é igual ou
pior que a presidente que a senhora tirou do poder.
TUDO ENCENAÇÃO – Na tarde de ontem, o curto discurso
de Temer à Nação, mostrou um presidente determinado, rigoroso,
enérgico, irritado e com o já conhecido gestual que não engana mais
ninguém. Tudo foi encenação, doutora Janaína. Temer é um ator. Temer é
frouxo. Temer é covarde. Temer é mentiroso. Até o seu nome é radical que
se lhe for acrescido qualquer fonema não resulta em boa adjetivação
(temeridade, temerário, temeroso…).
Por que, então, o presidente não teve com o
visitante-agente-criminoso a mesma disposição, energia e rigor que nos
enganou ontem no pronunciamento à Nação? Por que não o prendeu dentro da
residência oficial e não chamou o delegado de polícia para lavrar o
flagrante? O visitante não estava narrando e detalhando ao Chefe da
Nação a prática de vários crimes?
TEMER CRIMINOSO – Arrisco a dizer que os crimes,
omissivos e comissivos, do presidente foram de igual ou de maior
potencial danoso e ofensivo do que os crimes que o visitante-criminoso
lhe narrou e detalhou. Eram dois fora-da-lei conversando.
Mas as leis que transcendem a compreensão humana – e que são
irrevogáveis e implacáveis – dispõem que este Brasil de todos nós
precisava, para que seu povo venha viver na plena felicidade, na ordem,
na paz e no progresso, atravessar essa quadra infamante e dolorosa…Que
um Lula e Dilma assumissem o poder…que as riquezas nacionais fossem
vilipendiadas…que a corrupção chegasse a patamares inimagináveis…que
aparecessem brasileiros de nome Sérgio Moro… Janaína Paschoal… e de
outros tantos Deltan Dallagnol, Carlos Fernando Lima, Marcelo Bretas e
muitos mais.
Não é agora que o Brasil recomeça a crescer. Agora é que o Brasil
começa a crescer. Não há mais o que esperar. A largada foi dada. Todos
cairão. E pagarão por seus crimes nas penitenciárias.