Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

sexta-feira, 5 de maio de 2017

CLDF: “Pra que serve esta merda?”

Sexta, 5 de maio de 2017

“Pra que serve esta merd💩?”, desabafou o brasiliense sobre a CLDF

No Gama, em estacionamento de um supermercado distante, em linha reta, 30 quilômetros (informação do Google Earth) da Câmara Legislativa do DF, e mais uns 330 metros do Palácio do Buriti, três amigos se encontraram por acaso na manhã desta sexta-feira, 5 de maio de 2017. Conversa vai, conversa vem, foram chegando velhos conhecidos. Já éramos, agora, oito naquele solzinho, e no ventinho frio e cortante. Mas quem liga pra isso quanto o papo é bom e com antigos amigos?

O conversa foi abordando alguns tópicos da política brasileira, como as reformas  bancos/Temer/Meireles/Pato Amarelo da Fiesp.

Passou pela Lava Jato. Pelas recentes decisões Gilmar/Tofolli/Lewandowski.

Até que chegou na política paroquial, a do Distrito Federal. Quem presta, quem não presta, quem ainda não se tem certeza que preste ou que não preste. Essas coisas assim.

E aí...alguém puxou o assunto CPI da Saúde. Essa que é semelhante a uma nova Viúva Porcina, isto é, adaptada daquela famosa viúva da novela. É a CPI que nunca foi e muito menos será.

Comentários daqui, desabafos de lá, alguns palavrões adiante.

Eis que chega na rodinha dos amigos, um velho companheiro, fechando o grupo em nove pessoas. Este nono brasiliense, perspicaz como sempre foi, e também meio anarquista, mas anarquista no velho e bom sentido, disparou sobre a CLDF, a Câmara Legislativa do Distrito Federal:

— Pra que serve esta merda?

A defesa da existência da CLDF foi feita pela maioria dos outros amigos do papo. Lembrou-se que a implantação da Câmara resultou numa luta quase que unânime, e por fim vitoriosa, das principais lideranças políticas e empresariais do DF, por ocasião da última constituinte que resultou na “Constituição Cidadã”. E que era —a criação da CLDF— anseio da maioria do povo de Brasília. Mas o amigo da merda aí acima, continuou firme na sua posição. Depois de lembrar, uma verdade por sinal, de que foi ele também um dos que lutaram junto com tantos outros reivindicando a representação política ampla para o DF, o que só aconteceria com a Câmara Legislativa, disparou:

— E agora, com tudo isto que está acontecendo com os deputados distritais, com a CPI da Saúde, com a CLDF, pra que serve esta merda?

A conversa continuou. Entraram na ‘roda’ das críticas deputados, secretários, assessores e, claro, o governador.

Quem tentou levar a CPI adiante?

Quem brigou feito o Cão para que ela sequer saísse do lugar?

Quem a levantava?

Quem a derrubava?

Quem a dava corda?

Quem puxava a brida, o cabresto?

Quem usou a chibata, ou cargos, para a dominar, domesticá-la?

Quem a bombardeava e quem a esquivava das bombas e pedradas?

Quem eram os sacanas?

Que tentava salvar a CPI das sacanagens e chicanas?

A quem interessava o fracasso da CPI, o não chegar a lugar algum?

A quem interessava que a CPI fosse CPI de verdade e relatasse as sacanagens contra a saúde pública? Isto é, contra o povo.

Depois de mais alguns comentários, defesas de uns, críticas a outros, o amigo sorrindo, fechou a conversa:

— Viu aí vocês, pra que serve esta merda?

E foi fulminante nosso amigo “anarquista”, apesar de eu particularmente colocar que discordava das suas posições. Não discordava totalmente, mas na conclusão. Como dizem por aí, ele “lacrou” a conversa, ao responder a sua própria pergunta (Pra que serve esta merda?):
— Pra bosta nenhuma!!!! (disse enchendo a boca e com um sorriso no canto da boca foi se afastando)

Cabe agora aos deputados distritais, com atos, e não blá blá blá, demonstrar que o nosso amigo anarquista está errado. E torço que isto ocorra, apesar de eu já estar pensando seriamente se são corretas as conclusões a que ele chegou.

Mas continuo torcendo que ele —o anarquista— esteja equivocado em suas conclusões, e que o povo de Brasília algum dia à frente possa se orgulhar da Câmara Legislativa. Torço para isso, mas tenho cá minhas dúvidas se ela chegará a ser merecedora de tal reconhecimento.