Sábado, 20 de maio de 2017
André Richter - Repórter da Agência Brasil
Em depoimento de delação premiada prestado à
Procuradoria-Geral da República (PGR), o diretor de Relações
Institucionais e Governo da J&F (holding do grupo JBS), Ricardo
Saud, disse que o presidente Michel Temer recebeu R$ 15 milhões em
vantagens indevidas para a campanha à Vice-Presidência em 2014 e para
atuar em favor do grupo empresarial.
Segundo
o delator, o valor foi repassado pelo PT. O depoimento do diretor está
em um dos vídeos das delações prestadas pelo grupo JBS. O teor dos
vídeos foi divulgado hoje (19) pelo Supremo Tribunal Federal (STF) após o
ministro Edson Fachin ter retirado o sigilo das delações.
“Esses 15 milhões eram do PT, e o PT deu para o Temer usar na campanha de vice”, disse Ricardo Saud.
Saud
acrescentou ter comunicado a Temer que a campanha do PT autorizou o
repasse, que fazia parte do saldo que o grupo JBS tinha com o partido
para doações eleitorais. Conforme o delator, o dinheiro foi destinado ao
PMDB e ao ex-deputado Eduardo Cunha (RJ), que hoje está preso em
Curitiba, no âmbito da Operação Lava Jato.
Saiba Mais
“Veio
a ordem para dar os R$15 milhões do PT para o PMDB para a campanha do
Temer. Isso feito, eu fui lá e comuniquei ao Temer na vice-presidência,
aqui em Brasília, eu disse que chegaram os 15 milhões, e ele me disse
para eu dar uma semana que ele ia dizer como fazer com o dinheiro”,
afirmou Saud.
O diretor também relatou como Temer teria
distribuído o dinheiro. "Nós fizemos da seguinte forma. Dos R$ 15
milhões, ele acabou ajudando o Eduardo Cunha, o Henrique Alves, acabou
pondo uma parte, R$ 9 milhões no PMDB nacional. Ele mandou para vários
estados. A gente tem tudo ali direitinho para onde esse dinheiro foi
seguindo", disse no depoimento.
Saud declarou aos procuradores que o dinheiro era "propina dissimulada em forma de doação oficial"
Palácio do Planalto
A Presidência da República negou que sejam verdadeiras as acusações contra o presidente Michel Temer.
“As informações são falsas”, disse a assessoria de imprensa do Palácio do Planalto.
Conforme a assessoria, todos os recursos recebidos para a campanha de Temer em 2014 foram doações oficiais.