Sexta, 26 de maio de 2017
Léo Rodrigues - Correspondente da Agência Brasil
O
empresário Joesley Batista, um dos donos do frigorífico JBS, disse em
seu acordo de delação premiada firmado com a Procuradoria-Geral da
República (PGR) que teria repassado R$30 milhões em propina para o
governador mineiro Fernando Pimentel (PT). A transação teria ocorrido em
outubro de 2014 e envolveria o estádio Mineirão. Na época, Pimentel era
candidato ao governo de Minas Gerais e vence a eleição.
Segundo
Joesley, o pedido do montante foi feito por intermédio de Edinho Silva
(PT), que na ocasião era o tesoureiro da campanha de reeleição de Dilma
Rousseff à presidência da República. O empresário disse que também
tratou do assunto com Dilma, que teria confirmado a necessidade do
repasse e recomendado que Pimentel fosse procurado.
Joesley e o
atual governador mineiro teriam se encontrado no Aeroporto da Pampulha,
em Belo Horizonte. O dono da JBS disse em depoimento ter recebido a
orientação de fazer o pagamento dos R$30 milhões por meio da compra de
participação de 3% na empresa que detém a concessão do Mineirão. Ele
teria sido apresentado ainda no aeroporto ao dono de uma construtora.
"Nos contratos, agora nós somos donos de 3% do estádio. E eu acho que
esse rapaz de alguma forma passou o dinheiro para o Pimentel", disse o
empresário em seu depoimento à PGR.
Segundo documentos entregues
por Joesley à PGR, a construtora mencionada é a HAP Engenharia. Ela é
acionista da Minas Arena, concessionária responsável pela reforma do
Mineirão para a Copa do Mundo de 2014 e atual administradora do estádio.
Investigado na Operação Lava-Jato, Joesley Batista teve seu acordo de delação premiada homologado
pelo Supremo Tribunal Federal (STF) na semana passada. Ele e seu irmão,
Wesley Batista, prestaram depoimentos que comprometem políticos de
diversos partidos e entregaram também gravações de conversas com o presidente da República, Michel Temer (PMDB), e com o senador mineiro Aécio Neves (PSDB). Por decisão do STF, Aécio teve seu mandato suspenso.
Defesa
A
assessoria de Fernando Pimentel divulgou nota em que afirma ser
possível perceber que as afirmações de Joesley Batista em relação ao
governador não têm nenhum suporte em provas ou evidências materiais.
"Novamente, acusações levianas vêm a público sem que a versão do
acusador apresente comprovações que sustentem sua versão", acrescenta o
texto.
Também em nota, A HAP Engenharia informou que é sócia
minoritária e proprietária de 16% da concessão do Mineirão. A empresa
confirmou que vendeu parte de suas ações, mas afirmou que os recursos
recebidos foram totalmente destinados à operação da construtora, não
tendo havido repasse de qualquer montante a nenhum político ou partido.
"Após
vários meses de negociações entre representantes das partes envolvidas,
a empresa vendeu 3% das ações, conforme aprovação por unanimidade
registrada em Ata da Assembleia Geral Extraordinária da Minas Arena",
registra o texto. A HAP Engenharia disse ainda que está à disposição da
Justiça para prestar todos os esclarecimentos que se fizerem
necessários.
Por sua vez, a Minas Arena informou que nem a JBS,
nem sua controladora J&F, são acionistas do estádio Mineirão. "Para a
formalização da compra e venda de ações, são necessárias autorizações
em função de contratos financeiros, que não foram apresentadas. O
Mineirão reforça seu compromisso com a transparência e a ética e está
integralmente à disposição das autoridades competentes para fornecer
todas as informações necessárias", informou a concessionária.