Sábado, 6 de maio de 2017
Com direito a grupos de trabalho, seminário para debater futuro do Hospital de Base virou palco para apoio a proposta do governo.
Seminário de faz de conta
Do SindMédico/DF
Um seminário cujo objetivo único era promover a ideia de privatizar o
Hospital de Base. Assim foi o suposto debate na Câmara Legislativa,
nesta sexta-feira (05), acerca do projeto n° 1.486/2017, que transforma o
maior hospital público do Distrito Federal em instituto.
Entre os
palestrantes convidados, claro, estava o próprio secretário de Saúde,
Humberto Fonseca, o ex-ministro da Saúde, José Agenor e o assessor da
escola Fiocruz de Governo, Armando Baggio. Os três, conforme matérias
veiculadas na imprensa local, têm histórico de envolvimento em
irregularidades.
“O seminário apenas deu palco para a proposta do
governo”, avaliou o presidente do SindMédico-DF, Gutemberg Fialho, ao
sair do evento. Durante o seminário, o secretário de Saúde, Humberto
Fonseca, voltou a falar que o SUS é um modelo falido. “Não tenho
dúvida”, ressaltou.
Obviamente, foi o próprio secretário de Saúde
quem falou sobre as supostas benfeitorias da privatização do Hospital de
Base. Para convencer a plateia, inclusive, ele levou slides apontando a
diferença entre órgão autônomo; autarquia federal; fundação estatal;
empresa pública “social”; serviço social; organização social e
privatização.
Antes, porém, da fala ensaiada de Humberto Fonseca,
coincidentemente, o ex-ministro da Saúde, José Agenor, discursou sobre
os desafios do SUS no DF. Também guiado, claro, pelo destino que o levou
até o Seminário “por acaso”, ele destacou a importância de debater
novos modelos de gestão, o financiamento da saúde e a necessidade de
expansão da Atenção Primária.
Ao falar sobre o tema “A
descentralização e seus desafios”, Armando Raggio, que em 2000 foi
acusado de uso indevido de dinheiro do Sistema Único de Saúde (SUS), à
frente da gestão da Saúde do estado do Paraná, defendeu que toda a
descentralização ocorra “ao mesmo tempo” no sistema.
O presidente do
Conselho de Saúde do DF, Helvécio Ferreira, substitui à mesa o
coordenador da assessoria técnica do Conselho Nacional de Secretários
Municipais de Saúde (Conasems), Nilo Bretas.
Após as palestras,
representantes de sindicatos, da sociedade civil e o promotor de Saúde
do DF, Jairo Bisol, puderam participar da discussão. Cada um com cinco
minutos para a fala. Nesse momento, o vice-presidente do SindMédico-DF,
Carlos Fernando da Silva, destacou, entre outros pontos, que, desde o
início de sua gestão à frente da SES-DF, Humberto Fonseca tem feito
verdadeiras “presepadas”. E concluiu: “secretário, pede para sair”.
O
ex-secretário de Saúde Jofran Frejat esteve no seminário, também se
posicionou contrário à proposta de privatizar o HBDF e defendeu o SUS.