Sexta, 12 de maio de 2017
Fonte: Bahia em Pauta
Texto de Paloma Amado, publicado pela autora teatral e cronista
Aninha Franco em seu rico e amplo espaço de informação e opinião no
Facebook. Bahia em Pauta reproduz e recomenda. Efusivamente. (Vitor Hugo
Soares)
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Paloma Amado em Meus queridos amigos, Preciso da ajuda de vocês para dar continuidade às minhas crônicas de domingo.
Paloma Amado em Meus queridos amigos, Preciso da ajuda de vocês para dar continuidade às minhas crônicas de domingo.
Mais uma vez fui posta de castigo no FaceBook. Há três dias que não
sou mais “autorizada” a abrir minha conta, e consequentemente entrar na
rede social. Há perto de um ano, um homem invadiu a minha primeira conta
e fui aconselhada pelo FaceBook a fechar esta e começar uma nova. Dos
5000 amigos que tinha na época, consegui recuperar pouco mais de 1000, e
fiquei com muita gente zangada comigo, achando que foi bloqueada por
mim. Coisa mais chata! Amanhã, outra vez, não terá crônica de Domingo
por eu não poder entrar no Face.
Estou bem triste com tudo isso, penso em sair definitivamente desta
rede, mas gostaria de manter contato com meus amigos e leitores,
continuar a escrever minha crônica. Eles não me dizem o porque de eu
estar “temporariamente impedida de ter acesso à conta”, mas eu desconfio
que tenha a ver com a minha crônica “Odeio a prepotência”, que esta
semana viralizou na rede por tratar do senador relator do projeto de
Abuso de Autoridade. Esta crônica foi escrita há 6 anos, nela relato um
episódio ocorrido num aeroporto em Paris, quando este senhor e sua
esposa foram com meus amigos e publicando minhas crônicas.muito desagradáveis comigo. Na época que a publiquei, ela
teve grande número de comentários e curtidas. Acredito que era mantida
em alguns computadores e resolveram republicá-la aproveitando este
momento crucial para a nossa democracia, em que tentam transformar em
cinzas o vigoroso trabalho de nossa justiça contra a corrupção. Quem
soltou meu texto na mídia, trocou o título para “O Prepotente” — o que
não altera muito o original –, acrescentaram uma frase dizendo, em obs.,
o nome do senador e o qualificando de “safado”(o que pode ser
necessário para os mais desavisados entenderem de quem se trata, mas que
enfeia a minha escrita, que é um simples relato de fato real) e
trocaram a palavra “retada” (como se diz na Bahia) para “arretada”,
(como se diz em Pernambuco). Como não publiquei nada do que é proibido
pela rede, nada que me desabone, acredito que foi esse senhor ou seus
partidários, no uso da prepotência que lhes é habitual, que me
denunciaram de alguma maneira (qual seria?), vingando-se ao me impedir
de continuar convivendo com meus amigos e publicando minhas crônicas.
Não vou parar de escrever, não vou parar de publicar, mas estou bem
cansada destas atitudes arbitrárias do Facebook. Estou pensando em fazer
um blog, mas ainda não sei a cara que terá, preciso fazer uma estrutura
bacana, o que toma tempo.
Continuarei, no entanto, escrevendo, e gostaria de fazer chegar aos amigos minhas crônicas. Fiz um novo e-mail:
cronicadedomingo@gmail.com
Peço a vocês, que estão no Facebook e em outras plataformas, que
publiquem esta minha carta com a foto (para chamar a atenção), aberta a
todo o público. Assim os amigos que quiserem podem escrever para este
e-mail, mandar seus endereços eletrônicos e eu poderei enviar a crônica.
Agradeço a ajuda de todo o meu coração.
Um abraço grande da
Paloma Jorge Amado·
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ARTIGO
O PREPOTENTE
Paloma Amado
Era 1998, estávamos em Paris, papai já bem doente, participara da
Feira do Livro de Paris e recebera o doutoramento na Sorbonne, o que o
deixou muito feliz. De repente, uma imensa crise de saúde se abateu
sobre ele, foram muitas noites sem dormir, só mamãe e eu com ele. Uma
pequena melhora e fomos tomar o avião da Varig (que saudades) para
Salvador. Mamãe juntou tudo que mais gostavam no apartamento onde não
mais voltaria e colocou em malas.
Empurrando a cadeira de rodas de papai, ela o levou para uma sala
reservada. E eu, com dois carrinhos, somando mais de 10 malas, entrava
na fila da primeira classe. Em seguida chegou um casal que eu logo
reconheci, era um político do Sul (não lembro se na época era senador ou
governador, já foi tantas vezes os dois que fica difícil lembrar). A
mulher parecia uma árvore de Natal, cheia de saltos, cordões de ouros e
berloques (Calá, com sua graça, diria: o jegue da festa do Bonfim). É
claro que eu estava de jeans e tênis, absolutamente exausta. De repente,
a senhora bate no meu ombro e diz: “Moça, esta fila é da primeira
classe, a de turistas é aquela ao fundo.” Me armei de paciência e
respondi: “Sim, senhora, eu sei.” Queria ter dito que eu pagara minha
passagem enquanto a dela o povo pagara, mas não disse. Ficou por isso.
De repente, o senhor disse à mulher, bem alto para que eu escutasse:
“Até parece que vai de mudança, como os retirantes nordestinos”. Eu só
sorri. Terminei o check in e fui encontrar meus pais. Pouco depois
bateram à porta, era o casal querendo cumprimentar o escritor. Não
mandei a putaquepariu, apesar de desejar fazê-lo. Educadamente disse
não.
Hoje, quando vi na tv o Senador dizendo que foi agredido por um
repórter, por isso tomou seu gravador, apagou seu chip, eteceteraetal,
fiquei muito retada, me deu uma crise de mariasampaismo e resolvi contar
este triste episódio pelo qual passei. Só eu e o gerente da Varig fomos
testemunhas deste episódio, meus pais nunca souberam de nada.
PS: O PREPOTENTE é o Senador Roberto Requião, do Paraná (Paloma Amado é escritora e filha de Jorge Amado e Zélia Gatai)”
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