Quinta, 1º de junho de 2017
Bruno Bocchini - da Agência Brasil
Em
decisão liminar, a 5ª Vara Federal Cível em São Paulo determinou o
bloqueio de R$ 800 milhões das contas de Joesley Batista – um dos donos
da empresa JBS – referente ao suposto lucro obtido com a comercialização
de dólares às vésperas da divulgação da gravação com o presidente da
República, Michel Temer.
A decisão foi proferida pelo juiz
federal Tiago Bitencourt De David em ação popular proposta por dois
cidadãos. De acordo com a ação, Joesley e Wesley Batista e diretores da
JBS S.A. e da J&F teriam praticado o crime de insider trading
ao utilizarem informação privilegiada para comprar cerca de US$ 1
bilhão às vésperas da divulgação da gravação do diálogo entre Joesley e o
presidente da República. Após a divulgação, o dólar teve alta de 7,9%.
Na
ação, os irmãos Batista e diretores da JBS também são acusados de
vender o equivalente a R$ 327,4 milhões em ações da empresa em abril,
quando já colaboravam com as investigações. Os autores sustentam ainda
que a empresa obteve um crescimento superior a 4.000% em seu faturamento
graças a créditos concedidos pelo Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social (BNDES).
“A compra dos dólares na véspera do
vazamento da delação premiada, por outro lado, nunca foi esclarecida e o
fato tanto é verossímil que a CVM [Comissão de Valores Mobiliários]
está apurando o ocorrido. Soma-se a isso, ainda, movimentos de venda e
compra de ações da JBS antes e após a vinda a público da existência da
colaboração e da conversa com o Presidente da República”, disse o juiz
na decisão.
Em nota, a J&F, controladora do grupo JBS, disse
não ter conhecimento do processo. "A J&F informa que não tem
conhecimento sobre o processo e que também não foi citada. A companhia
esclarece ainda que tem como política e prática a utilização de
instrumentos de proteção financeira visando, exclusivamente, minimizar
os seus riscos cambiais e de commodities provenientes de sua dívida,
recebíveis em dólar e de suas operações."