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(Millôr Fernandes)

segunda-feira, 12 de junho de 2017

As falsas razões que o governo Rollemberg aponta para “justificar” criar, nesta terça (13/6), o tal Instituto Hospital de Base

Segunda, 12 de junho de 2017

Entenda as falácias, para não dizer mentiras, usadas em propaganda do GDF para tentar engabelar as pessoas sobre a privatização do maior hospital da rede de saúde do DF.

Texto bonitinho com dez ‘razões’, mas com conteúdo muito ordinário, está sendo distribuído pelo governo do DF na tentativa de enganar o povo. Esforça-se, mas com argumentos vazios, em ‘justificar’ a mais estúpida, até aqui, ação nefasta contra a saúde pública do povo do Distrito Federal, a precarização, privatização, na prática, do HBDF.

Já na primeira ‘razão’ para apoiar a criação do tal descabido instituto HBDF, o governo Rollemberg vem com um bolodório que é de fazer corar um estudante de Administração do primeiro ano de faculdade.

A primeira ‘razão’ foi carimbada como “Autonomia e descentralização”, duas palavras com forte apelo, é verdade. Tenta fazer acreditar o governo Rollemberg que não se resolve os problemas do HBDF sem que se proporcione ao hospital que execute o próprio orçamento, contrate seu pessoal, compre seus medicamentos e insumos médico-hospitalares, adquira e dê manutenção em seus equipamentos.” Salienta ainda a peça da propaganda do governo, que: “Hoje, o hospital depende de um órgão central para aquisições, o que impede que o diretor dê solução aos problemas que afligem o HBDF.”

Todo esse bolodório da ‘razão’ número 1 indicada pelo texto da Secretaria de Saúde/Governo de Brasília se resolve, seja no governo Rollemberg ou outros que venham, com um planejamento. Mas que seja um planejamento sério, evidente. Resolve-se todos esses problemas apontados com um bom planejamento de recursos humanos, uma eficiente (e nada difícil) administração de materiais, incluindo estoques de medicamentos, de insumos médico-hospitalares, equipamentos etc.

Ao dizer, no panfleto, que os problemas do HBDF existem porque o diretor do hospital depende de um órgão central para aquisições, e por isso não consegue solucionar os problemas, o que o governo de Rollemberg prova (prova provada, como dizem por aí) é que o problema está mais em cima. Está na cúpula do seu governo, não no Hospital de Base. Quando uma organização está doente, procure primeiro a doença nos cargos mais elevados da hierarquia. São os chefes e setores hierarquicamente superiores que, doentes, contaminam o restante do corpo organizacional. Essa constatação ocorre em torno de 99 de cada 100 dos diagnósticos organizacionais.

Resumindo essa ‘razão’ número 1: FALSA!

E o bolodório continua na ‘razão’ número 2. Diz a falsa ‘razão’, que “O Hospital de Base poderá comprar insumos do dia a dia por meio de um manual próprio de contratações...”. Isso, alega a falsa razão apontada pelo governo Rollemberg, tornaria o processo de compra mais ágil. E sem perda de segurança e controle. Chega ao desplante --o documento de propaganda-- de afirmar que a legislação atual referente à compra não foi pensado para contratações na área de saúde, pois seria incompatível com a velocidade que se espera na área de saúde. O que não se esperava, na realidade, é que sequer não houvesse um razoável planejamento nessa área de suprimentos. Bate, novamente a falsa razão, num ponto facilmente resolvido com planejamento no âmbito da Secretaria de Saúde do DF.

E vem agora a ‘razão’ 3 apontada pelo governo Rollemberg para justificar a criação do tal Instituto HBDF. Frisa o panfleto que “Muitas vezes exames e procedimentos deixam de ser realizados por dificuldade de realização dos contratos de manutenção de equipamentos, principalmente o de alta complexidade.” E blá blá blá. As manutenções preventivas e corretivas de equipamentos, sejam eles mais simples ou mais complexos, são perfeitamente planejadas. Se houver planejamento, os contratos de manutenção serão bem amarrados e eficazes. Dizer o contrário é falácia. É mentira.

E lá vem mais blá blá blá no texto da quarta ‘razão’ apontada como ‘justificativa’ para a criação do tal instituto HBDF.

Fala essa quarta razão da “exigência de prestação periódica de contas, bem como a definição de metas e resultados, a serem avaliados com base em indicadores, que permitirão avançar em direção a um serviço melhor”.

Deixe ver se dá para entender. Quer dizer que a Secretaria de Saúde, e também o governador, entendem que somente se o instituto HBDF for criado se exigirá prestação periódica de contas? A definição de metas e resultados não tem ocorrido até agora, já passados dois anos e meio do atual governo? É isso? Se for, mais uma prova de que a doença do Hospital de Base é uma doença exógena, vem de fora, da Secretaria de Saúde e da governadoria. Atesta que o responsável maior pela doença no corpo organizacional é a cúpula da organização.

A quinta falsa razão vem sob o carimbo de “Reposição rápida dos recursos humanos”. Para o governo atual --desmentindo todo aquele discurso de campanha, responsável por ter Rollemberg recebido 44 por cento dos votos válidos do segundo turno das últimas eleições-- não é mais o servidor efetivo, concursado, que interessa, que é o melhor para o público. Caso seja criado, o instituto contratará seus trabalhadores pela CLT (coisa que está sendo rasgada pelo governo Temer). Sem concurso público. Nos moldes das centenas de OSs Brasil a fora, a maioria dando calote nos empregados. Incompetentes aqueles administradores públicos que têm cagaço de administrar servidores concursados e efetivos, apesar de todo aparato legal para apurar e punir, e até demitir a bem do serviço público, se for o caso. Mais uma vez, fica provado que a doença está no andar de cima.

Vou parar por aqui estes pequenos comentários sobre essa baboseira que são as alegadas 10 razões para apoiar a precarização do Hospital de Base do DF. Afinal, os 5 itens últimos do panfleto do GDF são também puro blá blá blá. Dou um ponto final, mas sem antes afirmar mais uma vez:

A doença da rede pública de saúde do DF está na cabeça. Na cabeça dirigente do sistema. Na cabeça dirigente do Distrito Federal. Cabeças que pensam errado. E somente errado.