Do SindSaúde
Desde o final de semana, a
emergência atendeu acima do seu limite de capacidade. Dois servidores
para 190 pacientes, estoque de insumos e remédios a quase zero instaura
estado de calamidade na unidade
Inconformados com o caos instalado
dentro do pronto socorro do Hospital Regional de Taguatinga (HRT), os
servidores do setor e o SindSaúde decidiram denunciar as péssimas
condições de atendimento e de trabalho. Na manhã desta segunda-feira
(5/6), os trabalhadores realizaram um protesto em frente a emergência
para buscar soluções para o caos.
Segundo os técnicos e enfermeiros, no
pronto-socorro (PS) há 64 leitos oficialmente. Porém, há 190 pacientes
internados. Ou seja, mais que o dobro da capacidade do local. Para
piorar, são cerca de dois ou três técnicos em enfermagem para atender
toda essa demanda. Cada servidor fica responsável por cerca de 40
pacientes, o que deveria ser no máximo cinco pacientes para cada
técnico.
A situação é tão grave que os pacientes
estão sendo internados no meio dos corredores. Uma enfermeira denunciou
que chegaram ao ponto de colocarem pacientes em cima de macas quebradas
por falta de opção.
“Presenciei uma paciente entubada despencar de uma maca que estava quebrada, isso é algo absurdo e desumano. A sorte é que estávamos próximo para ajudar”, expôs.
Por causa da superlotação e péssimas
condições de trabalho, muitos servidores estão adoecendo, o que agrava
ainda mais a situação, porque muitos são afastados do trabalho por
longos períodos e não há substitutos.
“O servidor também é ser humano e
adoece, todos estão trabalhando com alto índice de estresse e pressão
psicológica”, denúncia Jefferson Bulhosa Júnior, diretor do SindSaúde e
integrante do Conselho Regional de Saúde de Taguatinga e do DF.
Decisões
Devido a manifestação dos servidores e a
denúncia do SindSaúde, a direção do hospital decidiu fazer uma reunião
com os representantes das entidades sindicais da área da saúde e com o
Conselho Regional de Enfermagem (Coren). O objetivo foi buscar uma
possível solução imediata para o caos estabelecido.
“Estamos recebendo muitos pacientes,
acima da média normal. Temos poucos servidores. Muitos se aposentaram,
outros adoeceram. Contra os fatos não há argumentos. Tudo que é possível
está sendo feito. Nossa demanda está muito alta. A SES mandou oito
novos servidores hoje (05/06), e esse quantitativo não é nem o mínimo
que precisamos”, reconheceu a superintendente da região sudoeste de
saúde, Lucilene Florêncio.
Para a diretora do HRT, Karina Torres, somente lotando mais servidores é possível melhorar a realidade do local.
“Temos uma demanda muito grande e falta de servidores, pois muitos se aposentaram, outros estão de afastados por tempo indeterminado”. De acordo com ela, a crise econômica também é um fator que agrava, por conta da diminuição de pessoas que possuem planos de saúde.
Segundo Coren, o estado de emergência estabelecido há dois anos não resultou em nenhuma melhoria.
“A precarização está em uma situação
inaceitável. Aparelhos sem manutenção, falta de servidores e de
investimento na atenção primária. Esse governo acabou com a atenção
primária, e por isso, os hospitais estão sempre superlotados. Estamos
preocupados porque a situação é gravíssima. O que me resta é a
interdição ou judicialização”, afirmou o presidente do Coren-DF, Gilney
Guerra.
O Coren-DF ainda propôs que cada
entidade da área da saúde disponibilize dois ou três pessoas para que
seja montado um grupo de trabalho, que começará a compor um relatório
real da situação a partir de amanhã (07/06), que será enviado ao
governador Rodrigo Rollemberg para dar uma possível solução.
A superintendência propôs também
respeitar a capacidade instalada e seguir o “vaga zero”, ou seja, não
receberão pacientes novos para tentar controlar a situação. Com isso, só
irão receber a quantidade de pacientes que estiverem dentro da
capacidade. Os demais, serão encaminhados para outros hospitais que
tenham vagas disponíveis.