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(Millôr Fernandes)

quarta-feira, 28 de junho de 2017

Fraga usou laranja para ocultar posse de apartamento em Brasília, diz MP

Quarta, 28 de junho de 2017
Do Blog do Sombra
Fraga usou laranja para ocultar posse de apartamento em Brasília, diz MP
Órgão investiga conduta do político na Secretaria de Transportes e na posse de apartamento em hotel de luxo. Suposto laranja era assessor de Alberto Fraga; parlamentar nega

O Ministério Público do Distrito Federal apontou contradições em depoimentos do deputado federal Alberto Fraga (DEM) nas investigações de irregularidades no setor de transportes, durante a gestão do governo de José Roberto Arruda (PR), e na posse de um apartamento em um hotel de luxo em Brasília.


Na operação para desmontar o suposto esquema de corrupção na Secretaria de Transportes, em 2011, policiais foram até um apart-hotel às margens do Lago Paranoá. O imóvel, segundo o MP, está registrado no nome do ex-subsecretário adjunto de Fraga, Júlio Urnau.

Na recepção do hotel, a polícia encontrou uma observação: “não informar em nenhuma hipótese que o Sr. Alberto Fraga foi autorizado pelo Sr. Julio Luiz Urnau”. Segundo o Ministério Público, esse recado é a prova de que “o apartamento estava na posse direta e uso exclusivo do denunciado Alberto Fraga”.

Em depoimento, Júlio Urnau disse que Fraga comprou o imóvel, mas pediu que o registro fosse feito em nome do ex-subsecretário. No apart-hotel, o Ministério Público encontrou também um documento assinado por Urnau, autorizando Fraga e o filho a utilizarem o apartamento sempre que quisessem.

O MP concluiu que “no episódio de compra do apartamento, Urnau figurou como laranja de seu então superior hierárquico, Alberto Fraga”.

Em depoimento, o deputado Alberto Fraga negou aos investigadores que fosse dono do imóvel. No entanto, o MP afirma que, embora o deputado tenha feito essa negativa, ele pediu à Justiça a restituição de todos os itens apreendidos no apartamento durante operação da polícia.

Em nota, a assessoria de Fraga informou que o apartamento foi declarado por Júlio Urnau à Receita Federal, e que o relacionamento dele com o ex-adjunto “sempre foi de conhecimento público e de cunho profissional”.

No apartamento, os investigadores encontraram também um revólver, 283 munições de uso restrito das Forças Armadas e outras 112 munições de diferentes tipos de armas.

Alberto Fraga já foi condenado em uma ação sobre essas armas, mas recorreu e como agora tem mandato de deputado federal, o caso será analisado pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

Pagamento de propina
Júlio Urnau, que trabalhou com trabalhou com Fraga na Secretaria de Transportes, foi gravado pelo dono de uma cooperativa de micro-ônibus no DF. Nos áudios, ele diz que “tinha carta branca de Fraga para cobrar pagamentos”.

De acordo com a investigação do MP, os pagamentos seriam propina para que a cooperativa pudesse circular no Distrito Federal com 50 miro-ônibus.

“Eu vim aqui com uma carta branca. Porque o Fraga me autorizou a fazer isso, senão eu também não vinha”, diz Urnau em gravação.

O deputado Alberto Fraga preferiu não dar entrevista nesta terça-feira (27). No entanto, publicou um vídeo em que afirma que não autorizou cobrança de propina em seu nome.