Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

quarta-feira, 26 de julho de 2017

Arruda, lavar a jato a Caixa de Pandora é o que lhe exige a Brasília honesta. Fale! Não se emporcalhe mais

Quarta, 26 de julho de 2017
Foto: Elza Fiúza/Agência Brasil

Arruda:

Cada um dos brasilienses, especialmente aqueles que foram seus eleitores, dos quais muitos ainda topam ser, querem ver você fazer uma colaboração premiada que possa lavar a jato (sem trocadilhos) a política de Brasília.

Você, infelizmente, enveredou por caminhos tortuosos, numa jornada tendo como companheiros, em sua quase totalidade, pessoas das mais abjetas da política e das relações com a rés pública.

Você escorregou, você caiu, você foi preso, você foi condenado. Você virou um ficha suja eleitoral. A partir da queda, talvez só tenha recebido o apoio de sua mulher e de parentes próximos. É possível até, que de alguns raríssimos amigos que não tenham entrado na Caixa de Pandora. Faço referência, assim, a amigos. De companheiros de jornadas criminosas, não. Todos, certamente sem exceção, dos que lhe acompanharam na estrada errada da política e da ética pública, não são seus amigos.

Desses últimos  —os companheiro de jornadas da Caixa de Pandora— você não tem a solidariedade de nenhum. Fingimento, talvez. No máximo o que eles podem sentir em relação a você é cagaço. Cagaço de uma possível colaboração premiada feita por você. Respeito, nenhum.

Você ainda não percebeu que está só? Ou quase só? E à beira de sofrer uma punição severa que mais do que a você punirá seus familiares e seus verdadeiros amigos (amigos verdadeiros que são poucos, mas que ainda devem existir).

O que você está esperando? A prisão? Perder a oportunidade de provar que se arrependeu, pelo menos em parte, dos males que causou à população de Brasília e à imagem de nossa cidade?

Tudo isso para preservar a sobrevivência empresarial e política de ex-parceiros da Caixa de Pandora?

Não, Arruda. Por mais baixo o nível que uma pessoa possa ser levada por seus atos, há sim a oportunidade de recuperar, pelo menos em parte, a sua passagem pela vida pública. Pela vida neste mundo.

Mas no seu caso, isso só acontecerá se você decidir —e atente para a marcha acelerada dos ponteiros do relógio da Justiça— rapidamente, pra já, pra ontem. Você, o povo tem certeza, sabe tudo sobre  o período pre-Caixa, durante a Caixa,  e pós-Caixa de Pandora.

Você, Arruda, tem que abrir o jogo, todo o jogo, o jogo sujo de empresários e políticos que construíram, cevaram e viveram da Caixa de Pandora. Sejam os políticos deputados distritais ou federais, senadores, vice-governadores, governadores, o escambau a quatro.

Abra o jogo. Nomeie —para o Ministério Público, para a Justiça, para nós todos os contribuintes— os reis de paus, espadas, de copas, de ouro, dessa safadeza geral na desgraçada política do Distrito Federal. Indique, com provas, também as damas, os valetes, que entraram no jogo sujo da Caixa de Pandora.

Mais rápido do que você possa está imaginando hoje, sua decisão deve vir na velocidade de um raio. Se não, pode ser tarde. Tarde para você. Então abra urgente a Caixa de Pandora e diga, com provas:

Quem comeu o que na indecente decisão, contratação e construção do Mané Garrincha? Fale!

Quem comeu o que na imoral decisão, contratação e construção do VLP, aquela coisa que vocês chamam pernosticamente de BRT Sul? Fale!

Quem comeu o que na imoral decisão, contratação e construção, daquela porqueira chamada de Centro Administrativo, o Centrad? Fale!

Quais deputados distritais ou federais que comeram, e como comeram, dentro da Caixa de Pandora? Fale!

Quais outros políticos, dirigentes partidários, ou tecnocratas, que também se lambuzaram na Caixa de Pandora? Fale!

Quem comeu e quanto comeu, e quanto pagou de propina cada empresário/empresa em projetos aqui e acolá? Fale!

Fale! Ou se cale para sempre, possivelmente num local que nem o Cão suporta.

Fala, Arruda!