Julho
7
Fridamania
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Em
1954, uma manifestação comunista percorreu as ruas da Cidade do México.
Frida
Kahlo estava lá, de cadeira de rodas.
Foi
a última vez em que foi vista viva.
Morreu,
sem ruído, pouco depois.
E
se passaram uns quantos anos até que a fridamania, tremendo alvoroço, a
despertou.
Ressurreição
ou negócio? É isso o que merecia uma artista alheia a qualquer exitismo e ao
lindismo, autora impiedosa de autorretratos que a mostravam sobrancelhuda e
bigoduda, crivada de agulhas e alfinetes, apunhalada por trinta e duas
operações?
E
se tudo isso fosse muito mais que manipulação mercantilista? Uma homenagem do
tempo, que celebra uma mulher capaz de transformar sua dor em cor?
Eduardo Galeano, no livro ‘Os filhos dos dias’,
2ª edição, 2012, página 219. L&PM Editores.