Quarta, 23 de agosto de 2017
Do MPF
Mandados envolvem ex-assessora de deputado e advogados
Em nova fase da operação Lava Jato, foram cumpridos quatro
mandados de busca e apreensão decorrentes do aprofundamento das
investigações da 44ª fase da operação, envolvendo corrupção de empresas
estrangeiras na Petrobras. Investiga-se a atuação de outros envolvidos
na contratação, mediante o pagamento de propinas a funcionários públicos
e agentes políticos, do fornecimento de asfalto pela empresa
estrangeira Sargeant Marine.
Na fase anterior, revelaram-se provas de que Cândido Vaccarezza,
líder do Partido dos Trabalhadores (PT) na Câmara dos Deputados - no
período de janeiro de 2010 a março de 2012 -, utilizou a influência
decorrente do cargo em favor da contratação da Sargeant Marine pela
Petrobras, ensejando a celebração de 12 contratos, entre 2010 e 2013, no
valor de aproximadamente US$ 180 milhões. As investigações prosseguiram
e agora demonstram o envolvimento de outras pessoas no esquema de
desvio de recursos públicos referente à contratação da empresa.
A realização de novas oitivas, a análise de documentos apreendidos e o
exame de dados decorrentes de quebras de sigilo telemático e de
registros telefônicos conduziram à identificação do envolvimento de
novos personagens no esquema criminoso. Há fortes indícios de que teriam
sido beneficiados com o recebimento de vantagens indevidas em contas
ocultas no exterior, pela contratação da Sargeant Marine pela Petrobras,
dois advogados cujas siglas iniciais constavam das planilhas de
distribuição de propinas apreendidas em fase mais antiga da Lava Jato.
As evidências indicam ainda que a então assessora do ex-deputado
Cândido Vaccarezza teria participado da prática criminosa, recebendo
parcela dos valores em espécie destinados ao parlamentar, que teve
participação decisiva nas tratativas para que a Sargeant Marine
estrangeira fosse contratada pela Petrobras para fornecer asfalto. Nesse
contexto, são investigados os crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e
associação criminosa.
Segundo a procuradora da República Jerusa Burmann Viecili, “a nova
fase da Lava Jato mostra que os relatos decorrentes de acordos de
colaboração demandam exaustivo e profundo trabalho de investigação. Eles
são apenas um norte a ser seguido pelos investigadores. É necessário,
sempre, um trabalho de qualidade em busca de provas”. A procuradora
reiterou que “os frutos das delações amadurecem com o tempo, mediante
consistente trabalho de investigação feito pela Polícia, Receita e
Ministério Público”.