Sexta, 18 de agosto de 2017
Diretor não se demitiu e voz não é dele
Revista Veja/Foto pública
Blog do Sombra
A Rede Globo é a nova vítima dos criadores de fake news. Circula nesta
sexta-feira um áudio falso no WhatsApp atribuído a um suposto
funcionário da emissora, alardeando que a companhia se “alinhou à
esquerda para preparar a volta do Lula”. Para isso, a diretoria da
empresa teria orientado os seus programas jornalísticos a tratarem “de
forma caluniosa” o presidente Michel Temer, o prefeito de São Paulo,
João Doria, e os integrantes da força-tarefa da Operação Lava Jato. A
voz ainda acrescenta que o logo da Globo ganharia novos tons de
vermelho, numa demonstração do seu alinhamento com a esquerda. O
conteúdo é tão inverossímil que nem valeria o registro, mas como o áudio
viralizou nas redes sociais o Me engana que eu posto foi atrás para
saber se há pelo menos algum fundo de verdade nele. E não há.
O locutor inicia a gravação avisando que “por questões óbvias” não irá
se identificar. O arquivo, no entanto, é compartilhado junto com a foto e
o nome do atual diretor do Fantástico, Luiz Nascimento, que
supostamente teria se demitido do cargo na última sexta-feira, o que
também é mentira. Recentemente, saíram notícias em portais de
entretenimento dando conta de que ele e a mulher, que também trabalha na
Globo, iriam se aposentar no fim do ano. Como é de praxe no mundo do
Fake News, os boateiros se aproveitam de uma informação aparentemente
verdadeira para basear uma notícia complemente mentirosa.
Ao blog, o diretor do Fantástico enviou a seguinte nota sobre o áudio:
“Não pedi demissão, a voz não é minha e esse texto falso também não é
meu. Acho lamentável — e me causa profunda indignação — que máquinas de
propaganda condenáveis e protegidas por um anonimato criminoso usem as
redes sociais para propagar mentiras com objetivos obviamente escusos”.
Procurada, a Rede Globo afirmou que tudo, absolutamente tudo, no áudio é
falso.”Máquinas de propaganda se utilizam cada vez mais de fake news
com propósitos escusos. Mas pesquisas mostram que temos uma vantagem:
como líder absoluta, todos veem nossos noticiários e o público não
acredita nos boatos, porque eles não são compatíveis com o que vai ao ar
de fato”, diz o texto.