Quarta, 30 de agosto de 2017
Na proposta de delação rejeitada
pela PGR, o ex-deputado disse que atuou como intermediário para mais de
50 deputados do PMDB e outros partidos.
Por Filipe Coutinho-BuzzFeed News/Foto: José Cruz/Agência Brasil
Blog do Sombra
Ex-presidente da Câmara e ex-deputado, Eduardo Cunha disse em sua
proposta de delação premiada que arrecadou cerca de R$ 150 milhões com
empresários nas eleições de 2014, incluindo mais de R$ 80 milhões em
caixa dois.
O destino do dinheiro, segundo o BuzzFeed News apurou, era um grupo de
mais de 50 deputados que formavam uma espécie de bancada de Eduardo
Cunha na Câmara.
Esse grupo era formado principalmente por deputados do PMDB e do baixo clero da Câmara, como PP, PR e PSC.
Na proposta de delação, Cunha citou ainda uma série de empresas que
bancaram os valores, incluindo o caixa dois. Entre elas, a Odebrecht e a
JBS, que fizeram delação premiada a admitiram repasses ilegais a
políticos. Há ainda setores que a Lava Jato pouco ou nada avançou, como
empresas de transporte e montadoras.
Em 2014, Eduardo Cunha era um dos mais influentes deputados do PMDB da
Câmara, grupo político que formava uma bancada informal que incluía
também Henrique Eduardo Alves, Geddel Vieira Lima, ambos presos pela
Lava Jato, e o então vice-presidente, Michel Temer.
Agora preso, Eduardo Cunha tentou, sem sucesso, negociar uma delação
premiada com a Procuradoria-Geral da República. Na avaliação de
investigadores, Cunha não contou tudo que sabia e muitas das acusações
não tinham documentos de corroboração. A negociação pode ser reaberta
mês que vem, quando Raquel Dodge assume a chefia da PGR.
Em entrevista à revista Época, o advogado de Cunha, Délio Lins e Silva
Júnior, disse que o ex-deputado rejeitou o acordo. "A negociação foi
encerrada por Eduardo, que se negou a participar da entrevista ao
perceber que estava sendo usado pela PGR para forçar o acordo de
Funaro", disse Délio.
Procurado pelo BuzzFeed News, o advogado disse que não comentaria.