Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

quarta-feira, 20 de setembro de 2017

Autora da ação judicial da "cura gay" é assessora de deputado apadrinhado por Malafaia

Quarta, 20 de setembro de 2017
Do Esquerda Diário
Fernando Pardal
Rozangela Alves Justino, a "psicóloga" autora da ação judicial que gerou a liminar que autoriza a "cura gay", ocupa desde 2016 um cargo no gabinete do deputado federal Sóstenes Cavalcante (DEM-RJ), membro da bancada evangélica ligado ao pastor notoriamente homofóbico Silas Malafaia.

Sim, aquela mesma "psicóloga" que comparou a militância LGBT ao nazismo, e fala que sofreu a "conspiração gay" do Conselho Federal de Psicologia quando esse a repreendeu por sua tentativa, em 2009, de sair publicamente fazendo propaganda da sua terapia para "curar" gays, como nessa bizarra entrevista à Veja.

Hoje ela é recebe salário de R$ 3.346,34 pagos pelo Estado brasileiro para ocupar um cargo no gabinete de Sóstenes, um deputado da bancada evangélica que deu entrevista ao jornal Extra falando sobre as "barganhas eleitorais" desse setor reacionário ao qual pertence, e que é conhecido por suas posições fervorosamente machistas e LGBTfóbicas.

Os planos de Sóstenes, que incluem o apoio dele e de seu padrinho Malafaia à candidatura de Bolsonaro em 2018, se apoiam na ação "missionária" (como ela própria define) de Rozangela. De fato, como "psicóloga" Rozangela não consegue passar de uma grande missionária de valores de intolerância e discriminação.

E sua missão é defender o direito de uma "psicologia cristã" pronta a atacar cada direito mínimo da população LGBT. Ela afirmou, no vídeo em que publicou no Facebook (abaixo), que a entidade que fundou, a ABRACH (Associação de Apoio ao Ser Humano) - desde que não seja gay, claro - vem sendo "perseguida pelos ativistas do movimento pró-homossexualismo (sic) porque eles não querem que pessoas deixem a atração pelo mesmo sexo e desenvolvam a heterossexualidade".

Sóstenes, deputado que "adotou" a "missionária da cura gay", ao ser questionado se é a favor da criminalização da homofobia, afirmou: "Acho que os números de crime de homofobia são manipulados. Tem que se definir o que é um crime passional e o que é crime por causa da opção sexual (...) Temos várias leis de preconceito racial. Agora, não dá para criar uma lei específica para opção sexual e esquecer outros tipos de preconceitos, contra gordos, magros, pessoas com nariz grande, orelha grande..."

E, ao ser perguntado sobre se não considera o preconceito contra homossexuais mais violento do que aquele "contra quem tem nariz grande", ele afirmou: "Não tenho essa convicção. Precisamos fazer estudos sobre isso para saber o real número de casos. A forma como o movimento LGBT tentou impor a pauta criou o distanciamento dos evangélicos."

Assim, continua a se evidenciar o óbvio: a motivação da "cura gay" é uma criminosa homofobia defendida com unhas e dentes pelos setores evangélicos mais reacionários, que procuram por meio de seus dogmas legitimar todo tipo de violência contra a população LGBT. Não podemos permitir. Todos às ruas contra a "cura gay"!