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(Millôr Fernandes)

quarta-feira, 13 de setembro de 2017

Laboratório do Base a um passo de fechar as portas

Quarta, 13 de setembro de 2017
Laboratório do Base a um passo de fechar as portas
Uma falta sem precedentes no número de reagentes martiriza pacientes e preocupa trabalhadores do setor
 
Por SindSaúde DF/Imagens: Peter Neylon
e Blog do Sombra
 
Apesar de não ser nenhuma novidade na história do Hospital de Base (HBDF), a falta de reagentes para exames atingiu um déficit nunca antes visto. O levantamento feito com exclusividade pelo SindSaúde aponta que ao menos 36 itens estão fora de estoque há quase um ano. A estimativa dos servidores é de que, por dia, 200 a 300 pacientes voltem para casa sem conseguir exames. Ao final de um ano, pelo menos 40 mil pessoas sofrem sem atendimento conclusivo.
 
“Não há como fechar o diagnóstico de um paciente sem exame. Em pacientes internados, por exemplo, é crucial a identificação de fungos e bactérias, somente com uma Cultura Antibiograma podemos atestar isso. Sem esse exame, para o paciente não correr risco, o profissional é obrigado a prescrever antibióticos que acabam ficando mais caros e expõe o paciente ao uso de medicamentos fortíssimos”, relata um farmacêutico do Base, revoltado. 

“Nunca vi faltar tantos, não vou dizer que nunca faltasse um ou outro, mas desse jeito, nunca”, conta uma servidora que trabalha há mais de 20 anos no laboratório do ambulatório do HBDF. Ela diz que os 118 servidores do setor estão de mão atadas diante da situação. 
 
“Precisamos dos reagentes para fazer as análises, se não têm, não há o que fazer. Os pacientes acabam tendo que procurar a rede particular, onde esses exames são caríssimos”, lamenta. 
O reagente CEA, necessário no diagnóstico de metástase, por exemplo, custa entre R$15 e R$18 por paciente no SUS, enquanto feito de forma particular, o exame gira em torno de R$400. “A maioria dos reagentes custam apenas R$5 por paciente ao governo”, conta outro servidor. 
 
“Absurdo”
É justamente a disparidade de custos desses exames na rede pública com o que é cobrado nas clínicas privadas que a presidente do SindSaúde, Marli Rodrigues, questiona. “É um absurdo isso. Por que reagentes que são comprados tão baratos pela rede pública estão em falta, enquanto os mesmos exames custam fortunas na rede particular? O que está por trás disso? Há algum interesse? Fica bem claro que a gestão pretende entregar os pacientes para a rede particular. Chega a ser um escárnio. Onde estão os nossos órgãos de controle?”
 
“Não podemos nos calar diante desse desmanche deliberado dos hospitais, motivados por razões sórdidas, enquanto o governo tenta a todo custo culpar o servidor pelo caos instalado por ele”, finaliza.
 
A Secretaria de Saúde foi procurada para prestar esclarecimentos e informar quando a situação será regularizada, mas até o fechamento desta matéria, não obtivemos retorno.