Domingo, 17 de setembro de 2017
Milhares
de pessoas participaram hoje (17) de um ato contra a intolerância
religiosa, na Praia de Copacabana, na zona sul da cidade no Rio de
Janeiro. O ato, organizado pelas organizações não governamentais
Comissão de Combate à Intolerância Religiosa (CCIR) e Centro de
Articulação de Populações Marginalizadas (Ceap), reuniu principalmente
fiéis de religiões de matriz afro-brasileira, mas também representantes
de igrejas cristãs, da comunidade judaica e de outras religiões (Baha'i,
wicca, kardecista, budista e Hare Krishna).
Esta foi a décima
edição da Caminhada em Defesa da Liberdade Religiosa, realizada poucos
dias depois da divulgação de vídeos em que aparecem criminosos,
supostamente cristãos, ameaçando lideranças de religiões
afro-brasileiras e obrigando-os a destruir seus terreiros, localizados
em comunidades carentes do Rio de Janeiro.
O organizador da
caminhada, babalawô Ivanir dos Santos, lembrou que a primeira caminhada,
em 2008, foi realizada justamente por causa de um episódio em que
traficantes evangélicos ameaçavam os terreiros em favelas controladas
por eles.
“Nesse período, o que houve foi uma omissão [das
autoridades]. Não houve nenhuma investigação para prender os
responsáveis. Mas o importante é que a manifestação traz muita
indignação, mas estamos pedindo paz. Somos um povo de paz, apesar de
sermos agredidos nas ruas, nossas casas serem queimadas, nosso sagrado
ser destruído, tudo o que pedimos é paz”, disse o líder religioso.
Para
a representante do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs, pastora
luterana Lusmarina Campos Aguiar, a atitude de cristãos que agridem ou
ameaçam outras religiões não é cristã. “Essa não é a perspectiva de
Cristo. Não é a perspectiva dos evangelhos. Jesus diz que temos que
aprender a amar uns aos outros. A lei maior do Cristo é a lei do amor”,
lembrou a pastora.
O secretário nacional de Políticas de
Igualdade Racial, Juvenal Araújo, informou que o governo federal está
acompanhando de perto os desdobramentos desses recentes casos de
intolerância religiosa. Desde a última sexta-feira (15), ele se reuniu
com o procurador-geral de Justiça do Rio, José Eduardo Gussem, e com
representantes das secretarias estaduais de Segurança e Direitos
Humanos.