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(Millôr Fernandes)

quarta-feira, 6 de setembro de 2017

O Judiciário não é o salvador da pátria. Mas Luiz Fux pode ajudar

Quarta, 6 de setembro de 2017
O Judiciário não é o salvador da pátria. Mas Luiz Fux pode ajudar
Poderá ampliar sua ajuda se parar de produzir injustiças como o iníquo auxílio-moradia de R$ 4.377, garantido por liminar de… Fux
 
Por Itamar Garcez-Os Divergentes/Foto: Carlos Humberto/ SCO/ STF
Blogo do Sombra
 
Para o juiz Luiz Fux, do STF, “só o Poder Judiciário pode levar a nossa Nação a um porto seguro”. Disse-o ao denunciar que há “movimentos recentes que procuram minimizar, enfraquecer a figura do juiz”.
 
Citou Sérgio Moro. O sufeta de Curitiba seria alvo de tentativa de impedimento.
 
Uma das estratégias de acusados de colarinho branco flagrados em rapinagem é desmerecer o juiz, transformado em algoz. O jogo é mais pesado quando criminosos de outro quilate, tipo traficantes, ameaçam os julgadores fisicamente.

Se o magistrado é pego em malandragens, sorte do acusado. Faz parte do jogo.
 
Juízes, por definição, devem ser insuspeitos. Ou admitir-se-ia que suspeitos julguem suspeitos.
 
No entanto, a balbúrdia política que se instalou em terras brasilianas precisa mais do que juízes voluntariosos e justiceiros. Sem as leis produzidas por sempre suspeitos parlamentares (intermediários entre povo e poder), Sérgio Moro não teria encarcerado meliantes do erário.
 
Da mesma forma é no Executivo que são gestadas as políticas palpáveis que atingem diretamente a cidadania. Todo dia um gestor de verbas públicas arbitra quem será beneficiado e quem ficará sem os caraminguás oriundos dos tributos.
 
Acima de todos eles, paira (ou deveria) o cidadão que, em última instância, é a razão da existência do Estado. Se Moro avançou na cruzada contra corruptos e corruptores de colarinho branco deveu-o em boa parte ao apoio expressivo que angariou da opinião pública.
 
Do mesmo modo a transparência nas ações de todos os agentes públicos facilitará muito a limpeza do convés Brasil. Como a divulgação pela juíza Cármen Lúcia, do CNJ, da média salarial de R$ 47,7 mil que beneficia juízes de todo o País.
 
Tudo óbvio, não? Ocorre que o juiz supremo esqueceu o óbvio.
 
O Judiciário é ingrediente insubstituível para conduzir a Nação a um porto seguro. Poderá ampliar sua ajuda se parar de produzir injustiças como o iníquo auxílio-moradia de R$ 4.377, garantido por liminar de… Fux.
 
Frise-se: auxílio-moradia para quem já tem casa. Enquanto isto, a escumalha do Minha Casa, Minha Vida precisa conviver com rachaduras em casas recém-entregues.
 
Todos os poderes, sob a vigilância da cidadania, devem participar da ancoragem em águas mais serenas. O Judiciário é um deles. Mas não é o salvador da pátria.