Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

segunda-feira, 9 de outubro de 2017

Acabaram de substituir o sufrágio popular, pelo sufrágio milionário, com o autofinanciamento

Segunda, 9 de outubro de 2017

Por 

Helio Fernandes*
Há meses deputados e senadores, que integram o Legislativo, cuidam da indispensável reforma política eleitoral. É mesmo indispensável faltou o complemento, não pode ser pensada e executada pelos próprios interessados.

513 deputados e 54 senadores, cuidam do seu grande objetivo, a REELEIÇÃO. Encontraram enormes dificuldades, foram e voltaram várias vezes.

Compreensível. Impossível conciliar a cúpula, com  a base, rotulada e identificada, como baixo clero. Só chegaram perto do desejado consenso, quando transformaram a reforma política, em eleitoral financeira. Sucesso em diversos itens.

 Criaram um alto Fundo financeiro para as campanhas, com o dinheiro do exorbitante imposto pago pelos trabalhadores. Os empresários sonegam, esperam pelos favores do Refis. (Os evangélicos não sonegam, absurdamente são ISENTOS, apesar de arrecadarem fortunas). Tiveram uma ideia complementar excelente para eles.

Decidiram juntar o clássico problema dos "nanicos". (Os únicos com programas, ideias, objetivos). Eles não acabarão mais, qualquer que seja a representatividade obtida nas urnas. Mas não participarão da divisão do Fundo, sobrará mais dinheiro para os numericamente maiores.

De invenção em invenção, mais uma que adotaram, com apoio total. Não existirá mais o horário eleitoral GRATUITO, de rádio e TV. O que o governo paga, será redistribuído entre os partidos, naturalmente excluídos os menores. É uma fome voraz de dinheiro público.
Ideia rigorosamente genial, inteiramente inconstitucional
Mas de tudo o que contei até aqui, nada se compara à ultima: o AUTOFINANCIAMENTO das campanhas eleitorais. (Quando contaram ao corrupto Temer, ele comentou: "Isso jamais me passou pela ideia". Bruto elogio).

Funcionará assim. Estipularam os gastos para a eleição presidencial em 70 milhões. O candidato que tiver essa importância DECLARADA e PAGA ao imposto de renda, estará livre de financiar a própria campanha.

Ainda não fixaram o limite de gastos para deputados, senadores, governadores. Mas o roteiro é o mesmo para o AUTOFINANCIAMENTO da campanha presidencial. Não  queriam incluir deputados. Mas como a votação será na Câmara, sem eles não passaria. O entusiasmo com a ideia, sensacional.

PS- Não acreditam em obstáculos. Os maiores partidos, em matéria de números, estão apoiando a ideia. São 567 votos na Câmara e no Senado.Todos precisando da reeleição.

PS2-Espero que eles não desistam, consigam levar a ideia até o vencedor, ou seja: à aprovação final.

PS3- Pois o Supremo fulminará a ideia, determinará, imediatamente, a inconstitucionalidade dessa ideia, democraticamente macabra.

PS4- Recuperação do prestígio e da credibilidade do mais alto tribunal do país. Admito até uma inusitada, impensada e inesperada unanimidade.

PS5- 11 a 0 a favor da democracia. Deputados e senadores, por favor, não desistam.

O Supremo, depois de amanhã

É uma sessão esperada com ansiedade, não só por ministros e senadores, mas também por toda a comunidade. O mais alto tribunal  do país, reconhecerá que ultrapassou seus próprios poderes, devolverá a competência ao Senado ?

Ou num lampejo de clarividência, mesmo atrasada, decidirá: a questão é tão importante e aparentemente tão relevante, que tem que ser examinada  e votada pelo plenário e não por uma simples Turma. Faltam 48 horas.

O senado, todos sabem como agirá. Se o Supremo confirmar que a ultima palavra é dele, partirá para o confronto no dia 17, a  sessão foi marcada com antecedência.  21 senadores, que não se interessam pela Constituição ou pelo destino de Aécio Neves, tentarão evitar que aconteça com eles, o mesmo que está acontecendo com o senador de Minas.

Serão liderados pelo acusadíssimo Renan Calheiros. Responde a 17 processos, desde 2007. Era presidente do senado, foi obrigado a renunciar à presidência, para não perder o mandato. Voltou, novamente presidente. Seu mandato acaba em 2018, sabe que será reeleito, pretende ser presidente do senado pela terceira vez.

PS- Mas tem que enfrentar e  derrotar o Supremo.

Fonte: Blog Oficial do Jornal da Tribuna da Imprensa — A matéria pode ser republicada com citação do autor.