Sábado, 28 de outubro de 2017
Com a Constituição de 1988, o ingresso no serviço público passou a ser somente através do concurso público.
Por Marli Rodrigues, presidente do SindSaúde
Portal ContextoExato
Na era Vargas, o trabalho exercido por "agentes do Estado", foi
oficialmente reconhecido através da promulgação do Decreto 1713 em
28/10/39. Criou-se, a partir daí a figura do "funcionário público". Em
1943, o Presidente Getúlio decretou que essa data, que seria um marco
para a classe trabalhadora, fosse feriado comemorativo.
De lá, para cá, ser "funcionário público", significou por muito tempo
"status quo" diferenciado. Afinal, a segurança do salário, a
estabilidade e outros valores agregados à atividade eram atrativos no
mercado de trabalho.
No início, a máquina pública era sinônimo de apadrinhamento, cabides de
emprego e "trens da alegria", onde um grupo seleto conseguia entrar,
através dos famosos "QI'" (quem indica).
Com a Constituição de 1988, o ingresso no serviço público passou a ser
somente através do concurso público. Essa foi uma das maiores conquistas
para o Estado. A qualificação passou a ser uma das características
essenciais dos quadros no serviço público.
Mudou-se também a concepção de funcionário (aquele(a) que faz algo funcionar) para SERVIDOR (aquele(a) que serve).
A administração pública ganhou com essa exigência do concurso público.
Equipes cada vez mais capacitadas e qualificadas se apresentam e tornam o
Estado um campo laboral e de produção, de excelência!
Na última década, infelizmente, a desproporção entre a seleção (peneira
cada vez mais fina, com maior concorrência nos concursos) e o desmonte
do Estado, tem desmotivado os servidores públicos. Muitos não completam
sequer o estágio probatório. Pedem exoneração, antes.
A usurpação de direitos e os ataques sofridos feitos pelos governantes e
classe política, marginaliza e desqualifica o trabalho realizado pelos
servidores, levando-os à depressão, desânimo e em casos extremos à
morte.
No Distrito Federal, tal qual no cenário nacional, vivemos a era das
trevas do serviço público. Nunca antes, na nossa história passamos por
tantas perseguições, humilhações, desrespeito e assédio moral
escancarado. Todas as áreas do setor público estão sendo massacradas por
Rollemberg. Sem exceção.
Mas, a impressão geral é que o sadismo e a crueldade dele têm um alvo específico: a saúde!
Fomos escolhidos para sermos o "bode expiatório" de todas as mazelas. Somos a justificativa para a sua gestão incompetente.
No entanto, somos também a "galinha dos ovos de ouro" para os diversos
contratos emergenciais, compras sem licitação, terceirização e etc.
Ficamos 2 anos e meio em Estado de Emergência na saúde. O que mudou?
Para o paciente, nada! Aliás, piorou! Mas, para as "tramóias" da gestão,
há o relatório das contas do TCDF, aprovadas com ressalva esta semana,
onde está demonstrado o aumento absurdo de dinheiro público usado sem
observar a lei das licitações. Ou seja, fizeram a farra...
Enquanto isso, para os servidores públicos institucionalizou-se o
calote oficial. Leis não cumpridas; execuções judiciais ignoradas e
IPREV saqueado.
Nada a comemorar? Depende! Se formos pensar de forma micro, talvez, nos
prendamos às lamentações e revolta. Não que elas não sejam legítimas.
Elas são, afinal, o grito dos oprimidos que tem que ser dado e ser
ouvido.
Porém, os servidores da saúde, tem sim o que comemorar...
Somos fortes, resistentes e conscientes da importância de nosso
trabalho. Não importa o que a mídia "comprada" vai divulgar, nem o que o
governo tenta, mentirosamente, nos imputar...Nós recebemos a vida em
nossas mãos! Ela pulsa em cada atividade que desenvolvemos. Desde o
servidor que instrui um processo de aquisição ao que está no centro
cirúrgico ou na emergência, todos participamos desse ato grandioso de
salvar vidas.
Tantas vezes nos deparamos com a morte e a vencemos! Sem respirador,
ambuzamos o paciente; sem o colchão, improvisamos o leito; sem a seringa
adequada, usamos a nossa maestria para fazer o melhor, de forma menos
traumática com o que temos...Quantas mãos se revezam na massagem
cardíaca, enquanto se busca o equipamento para o salvamento... Enfim, a
omissão do Estado mata e nós, por compromisso e amor ao nosso trabalho,
salvamos... Ou, pelo menos, tentamos...
Nós, não desistimos!
Governos passam! Rollemberg também vai passar... E nós, continuaremos
servindo ao público! Somos exemplo para as novas gerações! Exemplo de
dedicação, profissionalismo, coragem e luta!
Recuamos algumas vezes, para nos fortalecer e enfrentar novas
batalhas... O SindSaúde tem orgulho de representar a classe trabalhadora
da saúde. E, nesse dia, parabenizamos cada um de nossos colegas pela
excelência no serviço prestado! Servir sempre, ser subserviente, jamais!